quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ERRO DE PARALAXE:

Mais um buraco na Madeira? Não. A Madeira é um buraco.

JAGUNÇOS DE TODOS PAÍSES, UNI-VOS!:

Na ausência de ideias  com menos  de cem anos, os badiounianos apanham as migalhas. 
Hoje, por exemplo, podem associar-se às bestas que invadiram o treino de um clube minhoto e espancaram os jogadores. Em alternativa, podem celebrar as diárias agressões a polícias ( até as que  se deveram à  recusa de um cigarro).
Sei lá, é a revolução.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

TEM BARBAS E ROBE:

No  Flirts, de Henrique de Vasconcellos ( 1905):

"Tenho uma opinião como diplomata e outra como filósofo. Como diplomata, sou conservador, como filósofo, anarchista... mas anarchista com palacios, festas, condecorações... Quando quero pensar como diplomata, visto a farda, ponho duas gran-cruzes, uma para cada lado—tenho a Corôa da Prussia—e todas as placas. Quando me decido a pensar como filósofo, cólo umas barbas postiças, fico em robe-de-chambre".

Isto explica como os revolucionários  comunistas  trabalham para a  propaganda neoliberal.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

domingo, 28 de agosto de 2011

NEM TANTO:

Na altura, este vosso cínico recebeu  de tudo. Que não via a democracia a chegar, que só via suspeitas, etc. Um amigo chegou a dizer-lhe "O que é que queres mais, pá? Que eles vão para rua comer presunto?".
NAS FRANJAS:



1) Uma neoplasia comunicacional: este governo tem muito pouco tempo de vida, por isso  só as viúvas de Sócrates  e os ressabiados  ( o vocabulário é pobrezito)  o podem atacar. 
 Ou seja, o tempo é curto para criticar mas longo para louvar.

2) Não se lê o Sol , mas o rodapé desta página não deve chegar  aos olhos  depois da refeição. 
Jardim representa tudo o que o PPD não é, mas há sempre um praça ( neste caso,  recém-chegado ao quartel) disposto  a fazer continência.

3) Um júnior do Feirense foi enviado para o hospital  por causa de uma pedrada na cabeça, o Corpo de Intervenção da PSP teve de actuar. Isto é frequente por esse país fora, nos tais escalões de formação.
Da próxima  vez que ouvirem os  imbecis comentadores profissionais televisivos  responsabilizar o árbitro X ou Y pelas reacçoes  algo exageradas dos adeptos, porque o futebol envolve muito dinheiro , mudem de canal.

sábado, 27 de agosto de 2011

VIVE ESCONDIDO:

 Gil Vicente, pela boca do rabino Levi. Como dizia Nemésio,  é uma cartilha velha como os caminhos:

Achega-te cá, quero-te ensinar:
Não sejas pobre, morrerás honrado;
Fala com Deus, serás bom rendeiro;
Quando perderes, põe-te de lado;
Se nada ganhares, não sejas ciseiro.

LATHE BIOSAS (V):

No meio da coreografia do reconhecimento, muitas baixas. A velha  reformada que não pode sair à rua em segurança desde que o sol se põe e que ouve, toda  a noite, na rua,  as rosnadelas dos deolindos versão dura. 
Essa velha tem milhares de irmãs. Tem a sua liberdade limitada, tem  muitos dos seus direitos amputados.  O que não tem é a solidariedade  dos mediáticos  condoídos das minorias sexuais bem mais livres e respeitadas do que ela. 




sexta-feira, 26 de agosto de 2011

LATHE BIOSAS (IV):

A cultura da  exibição? Nem tanto. Outros tempos foram mais bastos  nesse aspecto. A coreografia do reconhecimento.
Sem darmos  por ela, os antigos contadores do mundo ( os media) já são quase só  pistas de alternadeiras. O que come,  como se copula, quando se depila. 
Nas secções sérias o registo muda pouco. Os actores e os escritores falam de si, das papas da infância, das suas inquietações. Alguns criminosos chegam a ler a própria poesia cheia de pássaros, navios e  dedos. Os políticos  destapam a barriga e encomendam biografias.
Ser amado, ser reconhecido. Já ninguém quer ser temido. Ou, pior,  esquecido.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O TOTALITARISMO IGUALITÁRIO (III):

No início de 1864,  um panfleto fez furor no debate sobre  a 13ªEmenda. O documento tinha por título "Miscegenation" e veio depois  a saber-se que era um embuste. Foi escrito por democratas como se fosse um documento do Partido Republicano e a intenção era assustar o povo: os republicanos queriam fomentar os casamentos interraciais. O senador Mc Dougall  estava convencido de que a oitava geração de mulatos seria estéril *. O que é notável é que os republicanos, adversários da escravatura e, portanto, apoiantes da 13ªEmenda, defenderam-se dizendo que  a manutenção da escravatura ( pretendida pelo Partido Democrata) é que favorecia a interracialidade, pois permitia aos donos dos escravos satisfazerem-se com as  mulheres negras.
Um objectivo da agenda igualitária  pode ser sentido  como algo a evitar. Confuso? No caso da 13ªEmenda compreende-se, porque  a interracialidade era  tida como indesejável, mesmo para muitos abolicionistas. Por outro  lado, era necessário esconder o jogo: pretender que um efeito óbvio  da igualdade não se produziria. Um método político comum.
Do meu ponto de vista,  quando  ateus e cidadãos pela  laicidade sacrificam o seu tempo  no altar do protesto contra  símbolos religiosos em hospitais portugueses, também estão a esconder o jogo.  Eles não se sentem ofendidos por haver uma  capela no hospital nem  estão  preocupados com o facto de um hindu  registar a ocorrência.  O que está em jogo é a tentativa sistemática, porta a porta,  de  anulação da influência cultural da ICAR, porque a consideram malvada  e culpada da miséria humana.  Ou seja, a igualdade é utilizada como um mero  exorcismo.


* Vorenberg, 2001




quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MAMBO-JAMBO:

E em fanagalo. Uma colecção de  lugares  comuns para  consumo da burguesia vermelha.
Mil vezes os originais, de Debord a Sanguinetti, de Jorn a Vaneigem.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

ENFIM, O  XARÉM:

Tendo vindo a assistir às maiores façanhas de ginástica no solo,   constato  que,  ao fim de  oito anos  de blogues, continuo insubordinado, sionista, benfiquista e liberal à moda antiga.
Um tipo desinteressante, como me costumam dizer.
OS NOVOS E OS VELHOS (I).
 LATHE BIOSAS (III):

É um indíce de pequenez, claro. Um punhado de amigos  lisboetas divide  o mostruário: festas, TV, blogues, media, capelinhas  intelectuais. Este punhado é constantemente engrossado pelos bertoldos  que vão para Lisboa se querem ser alguma coisa na vida  que isto aqui é uma pasmaceira
A possibilidade  de oxigenação é anulada  ab initio, porque  é óbvio que quem chega quer comer, não quer discutir.









O TOTALITARISMO IGUALITÁRIO (II):

A velha distinção de Sidgwick pretende  a existência de duas formas diferentes do valor moral,  consoante  se considere a noção de justo ou a  de bom. Esta distinção costuma ser  aproveitada para outra: aos antigos o bom, aos modernos o justo. A moral    um código de leis ( expressão de Larmore) , como um leitor normal dos estóicos romanos reconhece? Já estivemos  mais longe.
A visibilidade não se mede em metros, mede-se em centímetros : todas as aspirações  igualitárias são justas, porque a igualdade é boa,  e só o contesta quem é ignorante ou preconceituoso. Querem um exemplo? Nas principais revistas  académicas não encontrei ainda  um único artigo que refute a st
ese da inocuidade da parentalidade gay.  É raro que uma questão controversa não o seja também no meio científico.  Acontece que neste caso é perfeitamente normal. Os estudos sobre parentalidade gay são  de betão. As crianças  desenvolvem-se, comem bem, fazem desporto e socializam  normalmente. (deixemos de lado o infecto proselitismo que assegura que essas crianças são melhores do que  "as outras") São iguais? Claro que são, nos parâmetros avaliados.  Como seriam crianças educadas por duas mães e um pai. Ou estão a ver essas crianças com uma  enorme dificuldade em dizer que têm duas mães  e um pai ( em vez de duas mães tout court ), em escrever e contar, em jogar futebol, brincar no facebook  e ir ao cinema?
 Quando se experimenta em nome da igualdade, do justo, já temos uma reserva mental: tem de funcionar bem. Claro que a agenda continua com páginas arrancadas.  Quando perguntamos ao críticos do laços biológicos por que motivo não se legaliza a poligamia, respondem desdenhosos que estamos a disparatar. Não, não estamos. Em que livro científico está escrito que só um casal tem o direito a constituir família? O desconforto dos partisans da igualdade  bebe de  duas fontes de água límpida:

a) Sabem que a melhor forma de promover a parentalidade gay é a de a aproximar  formalmente da parentalidade habitual ( um casal).
b) Têm o flanco ameaçado pelas feministas que associam poligamia a sociedades machistas ( Liz Taylor casou-se com muitos, mas com um de cada vez).

Isto demonstra como muitas vezes o igualitarismo se refugia nos mesmos predicados que diz combater.



sábado, 20 de agosto de 2011

O TOTALITARISMO   IGUALITÁRIO (I):

Suspeito que esta série, que servirá de suporte a um pequeno ensaio, vai trazer-me muitos amigos. O título  provocador  permitirá aos descerebrados  dizer que eu comparo a luta pela igualdade racial no Mississipi aos desmandos da antiga Moscovo. 
A igualdade parece ser o único valor moral objectivamente universal  na exportável cultura  do Ocidente e  criticá-la deverá fazer-me sentir um pequeno De Las Casas diante de inquisidores impiedosos. Tanto pior. Digo parece, porque quando examinarmos as coisas mais  de  perto veremos  que não é bem assim.
A investigação compreenderá todos os contributos, mas prestará especial atenção aos tempos de hoje. É óbvio que os efeitos  actuais   obtiveram a força noutras épocas - e não me esconderei - , mas seguirei um conselho de Ostrogorski: a  melhor forma de estudar as forças políticas é estudar os métodos políticos. E os métodos são visíveis.
A promoção da igualdade a valor objectivo e universal é  bom? Veremos. Em muitos casos não é bom, é óptimo.   As intenções  de mencheviques e bolcheviques eram adoráveis. Também o Terror começou por ser uma reacção de desespero de gente  sem pão ( a 4 de Setembro) , depois passou pela necessidade de todos os cidadãos terem armas para implementar  a igualdade  e chegou  à obrigatoriedade do tratamento por citoyen para quem não  quisesse iniciar o percurso para a lâmina  (1). Os problemas, como em todo os  projectos políticos, moram nas consequências.
Veremos  também como a agenda igualitária tem muitas páginas arrancadas. Um indíviduo  cerra os dentes em Lisboa pelo direito de casais  de PMS à parentalidade , mas  diz preferir Teerão a Nova Iorque; outro  exige um Estado laico em Madrid , mas não quer sombra do  modelo democrático ocidental ( que pretende em Madrid) em Kabul,  onde as viúvas dos mujahideen  morreram à fome dentro de casa quando os soviéticos partiram.   É natural que interesses diversos confluam na mesma direcção política, mas já é muito suspeito quando o valor moral é depois  brandido como objectivo e universal.
Para além de páginas arrancadas, existem páginas acrescentadas que vêm de outras agendas. Nem sempre, mal ou bem, é a igualdade que está em causa. Veja-se a as actuais recepções ao Papa, ou a obliteração dos nomes religiosos de históricas  freguesias urbanas, em nome da laicidade do Estado. O que está em causa é existir uma influência, ainda poderosa, de um código moral  que execra  as reinvidicações da agenda  igualitária.  Não é a igualdade que as recepções  e obliterações reinvindicam, é a totalidade. Isto acontece noutras agendas, é um velho método. Veja-se o caso das campanhas  anti-tabágicas. Se o objectivo é impedir que  fulano jante a lerpar com o fumo de beltrano, por que motivo vão depois a correr apagar das fotografias  o charuto do velho Winston?
O argumento de fundo que pretendo testar é o de que a igualdade deixou a sua inspiração libertária para passar a fazer um mau uso da liberdade positiva. Pretendo estudar  as consequências desse mau uso, sobretudo as que afectam o equilíbrio de estruturas lentamente segregadas -  como a família, a maternidade ou a religião - e a própria... liberdade.




1) Segundo Doyle, entre Outubro e Janeiro apenas 177 pessoas tinham sido executadas em Paris. Entre Novembro e Abril, em Lyon,  foram executadas ( à bala) 1880 almas. A igualdade enfraquecia  na periferia...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

HOOLIGANS DE DEUS:

Desde que Ratzinger  está no Vaticano, as igrejas ficaram infrequentáveis. Só assim se explica que, de repente, bandos de catequistas espanquem e insultem os pobres e pacíficos cordeiros do ateísmo dedicados a   homilias  fálicas  nas cidade que o alemão visita.
Ratzinger é um perigoso agitador ( há quem lhe chame "nazi"). Oxalá não comece a frequentar as cimeiras do G-8.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

LATHE BIOSAS (II):

Lembro-me de Arendt, num texto dos anos  50, entrever o essencial: tornar-se famoso, tornar-se conhecido. Esta obrigação é metastásica. A analfabeta funcional que posa para a revista com um livro na mão e o  bertoldinho que vai para a televisão dizer, num tom de seriedade cruzado de revelação, que tem dez dedos  no total das duas mãos ( como gozava, deliciado, José Hermano Saraiva).
A investigação atravessará o simbirre cerrado.Uma coisa é certa: tornar-se conhecido já é uma função excretória.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

It's a Long Way - Caetano Veloso



Coimbra, ETC, anos 80. Para quem sabe.
LATHE BIOSAS (I):

É como vive o meu Mau-Mau. Saído em cima de férias, ignorado no blogue da editora, inexistente nas livrarias ( pelo que me dizem os leitores potenciais).
O livro certo no sítio certo.
PROLES SINE MATRE CREATA (IV):

Muito bom ponto de partida. Já o escrevi ( sem  a  clareza de Hugo Mendes), até porque é um dos espigões que a escola  sociológica da direita tradicional tem sempre  a descoberto:  quer o presunto sem criar o porco. Na minha triste vida profissional encontro estas mães demasiadas vezes.
Acontece que não é apenas isso. A materialização férrea da felicidade faz com que , mesmo tendo  os compromissos financeiros garantidos, nos desliguemos com felina facilidade de outros compromissos.  E aí entra  a cantilena do direito à felicidade, a alcunha actual do egoísmo infantilizado

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DO RUSSKOIE SLOVO AO BRIZHOVKA:

Estava a ler esta apreciação que Carlos Vidal  faz do estilo da crónica de MST  e lembrei-me  do conhecido texto de Lenine:  "Como assegurar o êxito da Constituinte ( sobre  a liberdade de imprensa)". A tese  é a esperada - os jornais  estão nas mão dos  capitalitas, que controlam  o mercado publicitário, as tipografias  e o papel, por isso não há verdadeira liberdade de imprensa - , mas a solução é sempre  interessante de reler. Lenine propõe confiscar todo o papel e todas as tipografias e depois distribuir os jornais pelos camponeses, pelos grandes e  pequenos partidos  e, finalmente, por qualquer grupo de cidadãos que tenha alcançado o número suficiente de assinaturas. 
A minha tradução pode não ser das melhores ( Colecção Revolução Permanente, prólogo  português da recolha asinado por um J.G, Lisboa, 1975), mas o essencial, pelo que sei, estará correcto. A opinião publicada é a opinião dos intelectuais , que Gramsci  ( Problemas da  História e da Cultura) sempre ligou  à hegemonia do grupo dominante e à dominação directa comandada pelo Estado e  e pelo governo "jurídico". Ou seja, os intelectuais escrevem o que interessa e o que pode ser escrito.
 A fraquíssima qualidade da crónica de MST deixa, portanto, de ser um mistério.

domingo, 14 de agosto de 2011

ERNST THALMANN:

Thalmann * propunha  a luta contra o fascismo, sobretudo contra o  social-fascismo de esquerda. O SAPD ( o Partido dos Trabalhadores Socialistas da Alemanha)  e o grupo  de Heinrich Brandler ( os comunistas moderados) eram alvos espcíficos.  A receita  passava pela mobilização das massas  verdadeiramente conduzida  a partir de baixo: fábricas e centros de desemprego.
Uma pessoa pensa e compara. As fábricas portuguesas que encerram, ou que  não pagam,  estão às moscas;  os centros de emprego são pastelarias sossegadas.


* "Der revolutionare Ausweg und die KPD", discurso na sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista Alemão, 19 de Fevereiro de 1932.

COMO SIM:

A sociedade é naturalmente boa, o homem é que  a perverte.

sábado, 13 de agosto de 2011

PROLES SINE MATRE CREATA (III):

Tanta gente que assinala o espanto: foram meninos sustentados pelo sistema inglês, têm o suficiente, querem mais, partem e queimam. Bordoada neles. E por que motivo não compreendem os escreventes ( roubando o termo a Barthes), em vez de desenhar perguntas  e receitas banais como a  açorda? 
Falta pai. Falta muito pai. Nenhum Estado, nenhuma escola ou  nenhum psicólogo pode substituir a figura de um pai em casa. E o pior é que os pais destes também já cresceram sem pai. Quiseram famílias livres , monoparentais, como dizem os escreventes,  de ocasião,  rearranjadas e outras farras, não foi?
As certezas de porcelana que hoje nos governam desdenham a família tradicional, uma esrutura seleccionada lentamente, melhorada, aperfeiçoada. Não. O importante é o amor e ser feliz e livre e tudo. O pai era duro e provocava neuroses?  A prisão e o bastão são melhores.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O QUE CANSA?

"Três dias esteve silencioso o antigo  castelo. Ao quarto, o novo rei, montado no guapo andaluz, atravessou a cidade com uma sobreveste de almafega branca sobre a cotta de cavalleiro, em signal de luto".
Tirei este pedaço do Odio Velho Não Cança, de Luis Rebello da Silva (segunda edição, 1907), caçado em jorna de alfarrabista. O luto branco de um rei cristão, comum até tarde e hoje impensável,  a grafia antiga e pesada ; e, sobretudo, a almafega, uma tecido grosso como o burel.
O que cansa? Os acordos ortográficos. Mais preocupados com a língua sem  memória do que com  a memória da língua.
SIEGFRED KRAKAEUR:

O que há de novo, pequenos spengleristas? Nada:
"Uma cuidadosa análise do julgamento do  assassínio de Ulbrich mostra alguns dos motivos da generalização de um comportamento instável  acerca do essencial  da vida e da morte. (...).  As pessoas normais  estão a deslizar para  a atrocidade sem se aperceberem do deslize".

(  Die neue Rundschau 42, March 1931)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

PROLES SINE MATRE CREATA (II):


De Ballard ao  grande Evola: a violência existe antes da política. Gerações inteiras de europeus estão com saudades de uma boa guerra. Uma a sério. O potencial físico e anímico é enorme, a tecnologia é boa, as condições são perfeitas. Qual montras partidas, qual destruição de carros, qual pedras. É claro que pode ser adiada. Se uma das  rectas for a do entorpecimento material e a outra a da periferização dos conflitos, elas só se encontrarão no plutarquiano infinito. E se não?
Não acredito numa desordem cujo útero seja o dos desvalidos. A verdadeira malha só poderá advir daqueles que perdem muito com a anarquia. Dos que perdem os carros, as férias pagas, os plasmas, o emprego seguro. É  desses que poderá vir a vontade de tornar o mundo um  lugar mais divertido. Muitas certezas de hoje, sobre a educação, a justiça ou a  participação democrática, terão de ser reescritas. Já aconteceu antes.
Como nada disto está, para já, no horizonte, regressemos à loucura normal.
PROLES SINE MATRE CREATA (I):


A violência inglesa pode ser um aperitivo. Foi pouca, esparsa e desamparada. As reacções , as dos cronistas ingleses que a ligam aos  negros , as  dos  burgueses  sentados que a consomem no telejornal da noite,  realmente como aperitivo, e as dos preguiçosos que bispam a revolução  no roubo de produtos de beleza, foram também tristonhas. Esta violência será esmagada, foi feita para isso. A próxima talvez não.
As categorias  comuns amontoam-se. A eterna revolução contra  o capital, a expressão psicossocial  da desigualdade ( o centro de juventude encerrado, etc), a weimarização ( tenho particula carinho por esta, mas está deslocada aqui) e, claro, o desprezo: coisa de miúdos mimados. Estas categorias amontoam-se e bem: o objecto de estudo é um aperitivo e ninguém classifica um jantar pela qualidade das tostas  barradas de sucedâneo de foi gras.
É preciso procurar a mãe. Vamos falar com a tenente Ripley?