sábado, 31 de dezembro de 2011

SEM COMPLEXOS LÉSBICOS NEM TRALHA LGBT.
ALDRABÃO ESTUFADO:

Compra um a meio da campanha. Nessa altura já está gordo e pia grosso. Leva-o para casa com cuidado, não o ouças, não vá o bicho convencer-te de  que és o rei da Polónia.
Coloca-o na mesa da cozinha. Começa pelo rótulo: "Gente moralmente superior". Lê as  pequeninas: " É possível viver melhor". Não ligues. Pega numa japonesa e abre-o ao meio. Tira-lhe os boys ( uma espécie de fel, como  o da lampreia, mas mais viscoso). Sempre com atenção, procuras o rabo do animal e cortas os parasitas que se lhe agarraram:  os mesmos que ainda ontem o amaldiçoavam tiveram tempo  de apanhar boleia.
Enfia o aldrabão no forno sobre um tabuleiro seco que lábia já ele tem de sobra. Fogo lento, muito alho e carqueja, para a alimária pagar as dívidas ao criador.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ASSIS PACHECO:

O país mete dó
guarda o último tesão 
para mandares 
meia dúzia de canalhas à tábua.
"NÃO VI NINGUÉM MORRER":

A defesa do assassino é um intervalo de cegueira num campo de lucidez. Quis matar sem ver morrer, como quem bate sem sentir a dor de quem leva. Todos os carrascos assinam este protocolo. Nas revoluções do povo, ou nas limpezas globais,  o destino eram, e são, olhos vendados, costas voltadas e cabeças que rolam para  a frente.
A lucidez, coralífera  e banal, submerge toda a história: existes para ser minha, eu sou  a vida e, portanto, a morte.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A PASSADA E UMA HOMENAGEM.
 CANTILENA:

Se te morre um filho ainda és pai e mãe
se te morre um marido ainda és mãe e avó
se te morre um irmão ainda és irmão e cunhado
se te morre  um amigo ainda és amigo.
Não há fardo, só corrença.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

LER. CHORAR.
"SEMPRE GOSTEI MUITO DE JUDEUS, O PROBLEMA É  ISRAEL" (I):

"O ódio do czarismo voltou-se sobretudo contra os judeus. Por um lado, estes forneceram uma percentagem particularmente elevada (em relação ao número total da população judaica) de dirigentes do movimento revolucionário. Repare-se, a propósito, que também hoje o número de internacionalistas entre os judeus é relativamente mais elevado do que entre os outros povos. Por outro lado, o czarismo sabia muito bem explorar os preconceitos mais infames das camadas mais incultas da população contra os judeus para organizar, se não mesmo para dirigir ele próprio, pogromes (contaram-se então em 100 cidades mais de 4000 mortos e mais de 10 000 mutilados), esses monstruosos massacres de judeus pacíficos, das suas mulheres e crianças, essas abominações que tornaram o czarismo tão odioso aos olhos do mundo civilizado. Estou a referir-me naturalmente aos membros verdadeiramente democráticos do mundo civilizado, que são exclusivamente os operários socialistas, os proletários".

VARIAÇÕES A PARTIR DE EUBULIDES:

Uma vez que ainda tens
tudo o que não perdeste,
e não perdeste um par de cornos
ainda o tens.
É  mortal se aplicado à vergonha,
razoável se aplicado à virgindade,
dúbio se aplicado à inveja.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

TEÓGNIS:

Frederico Lourenço ( Cotovia 2006) parte da versão de Gerber para, numa  introdução curta, referir o amor homoerótico e a inovação política na poesia de Teógnis. Diria mais aforística, pois o leitor avisado reconhecerá muitos filhos nas máximas do grego: Gracian, Pascal, La Rochefoucauld, Celan etc.
O meu interesse é uma frase de FL sobre a singeleza dos versos banais. As elegias de Teógnis são aforismas  e máximas e , por conseguinte,  terreno livre do respeito à essência radical da forma.
Dois casos: 

um que confirma a banalidade da forma,

Pois o homem subjugado  pela pobreza não pode  nem falar 
nem fazer nada; e a sua língua encontra-se atada.

 e outro que nem por isso,

Não nos cabe considerarmo-nos  homens salvos,
mas uma cidade, ó Cirno,  totalmente saqueada.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PORTUGAL - N.E.P. 2012:


Empobrece, emigra, desinfecta.
Poupa, gasta, economiza, investe.
Deslocaliza-te, contribui, ajuda.
Cala-te.
Aplaude.
Dorme.


domingo, 25 de dezembro de 2011

TRADIÇÃO.
FERNANDO ALVIM:

Lembra?

O sujeito que foi torturado e  que não escondia
O que não foi e dizia que tinha sido
O que tinha sido e que negava
O que foi e que escondia.

( Elefante, 2000)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PESTENENÇAS:

António Guerreiro, o patrão literário do Actual ( do Expresso),  elogia uma edição de poesia de Inês Dias. E escolhe  um poema que eu teria vergonha de apresentar nos jogos florais do liceu.
Lá estão os sempiternos "pássaros", " chuva"  e  "mãos", lá está a mais debochada banalidade.
Ide ler.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SEM MASSA:

Um governo que governasse
um povo que amasse
ou
um  povo que se maça
com o  governo que o amassa.
TITOGRAD-SAVICEVIC.http://semrelva.blogspot.com/
NUMA REUNIÃO ESPÍRITA:

"Titânia era toda susto e pavores, para o fim já traçava  a perna e fazia perguntas abissais:
- O Rui vai para Monsanto ou para Elvas?"

Cesariny ( Titânia -História Hermética em três religiões..., Assírio 1994) define bem a atitude  certa diante da poesia palavrosa, redonda e inerte. 
Tambem se pode usar em solteironas edipianas chatas como a potassa.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SEM RELVA:
Mennotti e o futebol de esquerda.
ALDEIA NEGRA:

Nemésio é um matorral infinito. Nunca se lê tudo, nunca se tem tudo, nunca se encontra tudo ( eu pelo menos). Por exemplo, muito gostaria  de ver uma  cópia da carta escrita  a Virginia Woolf ( Março de 1937). Côté classificação, felizmente  impossível.
Um pedaço elegante,  contido , perfeito ( voz arredada é a essência da linguagem poética), do Aldeia  Negra, uma aldeia como as que hão-de voltar :

Até que cinza seja
Nosso contorno puro
Como voz arredada,
E a serra nem se veja:
Primeiro, fosco; e escuro
Já na terra deixada.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ACERTO DE RUMO:

O Lathe Biosas entra na fase adulta. Passará a cumprir o propósito que o nasceu. Depois ter cortado em várias patologias bloguísticas (  bocas, piadolas, clubite, etc), corto agora com  tudo excepto com a linguagem poética. Já há muitos analistas, poesia boa e experimental é que não.
O Sem Relva já aí está ( farei links aqui nos primeiros tempos), para meu deleite, e um blogue profissional vem a caminho.
COMO SE DIZ RENATO TEIXEIRA EM SÍRIO?


Não se diz porque não existe idioma sírio, como não existe esta esquerda das liberdades selectivas e sotaina do Hezbolah.
RECORDAR É VIVER:

O  lupino e visonário apuro da direita  salsicheira* portuguesa pode ser encontrado numa escavação recente.  Ide por aí ler o que,  durante o primeiro decénio deste século,  esses insóbrios políticos liberais escreveram  e disseram sobre  políticas de imigração.
Lembro-me bem, não preciso de compulsar nada.  Lembro-me de que  quando recordava a vergonha enfeitada num  país de emigrantes a portar-se como um novo rico  diante dos desgraçados que cá aportavam, ser  desdenhosamente  arrumado na direita envergonhada que quer agradar à esquerda chique.  Lembro-me particularmente de um textito ( que inclui no Amor& Ódio) sobre a amnésia europeia dos tempos duros, isto a propósito das balsas de refugiados que insistiam em cruzar o Mediterrâneo.
Nem de propósito, muitos desse hotentotes, frescos e duros, gravitam hoje em volta de um governo ( o dr. Portas  até lá está)  que recomenda a ... emigração.
Que desta vez tenham aprendido a lição, são os meus votos de Ano Novo.



* com licença de  Aristófanes.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O MISTER:

Finalmente vou partilhar com as pessoas a minha  superlativa sabedoria táctico-futebolística. O blogue Sem Relva   será dedicado exclusivamente à análise táctica ( nada de confusões  com os animais  de fato e gravata de outros blogues), sobretudo para os que quiserem mais do que o Luís Freitas Lobo.
 Os fans do FM que souberem escrever  poderão comentar.
LEI DE BRONZE:

 As  mulheres traem com uma convicção imbatível. Uma mulher a sério não se desculpa com  um tipo que  lhe caiu no colo. A traição feminina é uma reforma minuciosa das condições objectivas. Não pretendem, como os homens, buscar variedade ou carne fresca: querem outra vida, paralela.
A traição feminina é feita contra os impulsos ( já)  ancestrais de obediência e resignação, enquanto a dos homens se rebola na  exigência  do ideário masculino. É fácil  perceber que a traição feminina é , portanto, executada  com  a força da necessidade total. Se a masculina é um golpe,  a feminina é uma revolução.
 POIS CLARO:

A vontade de não fazer nada não é uma contradição. Não fazer nada é lógico. Ter vontade de não fazer tudo é que é  ilógico e uma contradição. A vontade tem de servir para alguma coisa.
Ter vontade de não fazer nada  é um suspiro que podia ser uma frase.

sábado, 17 de dezembro de 2011

EXPRESSÃO CULTURAL CONTRA O NEOLIBERALISMO:

O vandalismo de automóveis praticado por dois pobres jovens desempregados da Cova da Moura abrigada sob a  Union Jack.
POKER NO MANICÓMIO:

A esquerda patriota elogia um indíviduo que fez uma ameaça que anunciou ser um bluff.
O PORTUGUÊS SE:

Se me respondem ao que não pergunto
se me ensinam o que já sei
se me escondem  o que desconheço
se me prometem o que já foi meu
se me tiram o que hei-de ter
se me recusam o que não tenho
se me entregam o que não quero,

então fico com o que posso.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

LE CIRQUE:

Numa  altura em que a Madeira  precisa de 78 milhões para pagar salários amanhã, lemos coisas como esta,  de Estrela Serrano,  que finge  não perceber  a diferença entre uma metáfora vulgar e uma posição de princípio.
 PROMESSAS:

Adoeço prevendo as coisas ao contrário do que hão-de ser. 
Curo-me recordando-as  exactamente como não foram.
A MÉDIA REVOLTA (II):

Este governo, como já repararam, exerce sob condições excepcionais: tudo o que faz de impopular pode ser justificado pelas exigências dos credores. Esta definição explica a famosa tirada marimbista do deputado socialista, que foi, assim, tudo menos  extemporânea. Antes pelo contrário, enquadra-se na única estratégia de que o PS dispõe: albardar o governo  com o peso das decisões que toma.
Se, num acaso cósmico, o país se marimbasse a sério, seria  a melhor coisa que poderia acontecer. O tipo médio, sem dinheiro, transportes, comida, hospitais e outras benfeitorias, poderia finalmente envolver-se no que nos falta desde as guerras liberais: uma verdadeira stasis. Poderia ir casa  a casa, distrital a distrital, blogue a blogue, tribunal a tribunal, banco a banco, escritório de advogados-negociantes-legisladores  a escritório de advogados-negociantes-legisladores,  aldrabão revolucionário a aldrabão revolucionário, ajustar as contas que têm de ser ajustadas.
Sim, seria doloroso no início mas recompensador no final.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ASSIM:

Isto é arte, viva a arte, etc. Se fosse Maomé Cabrón,  seria  xenofobia, islamofobia, imperialismo  cultural ,  etc.
O habitual, mas não deixo de me espantar com a   adesão  dos bon chic bon genre universitários e jornalistas a um tal  sistema  de pensamento-mundo.
SEMIOLOGIA DA CRISE (X):

Um governo para as pessoas: uma especialista  em resíduos sólidos no TNDMII, ou, no mundo do Yes Minister, "If people don't know what you're doing, they don't know what you're doing wrong."
SEMIOLOGIA DA CRISE (IX):

Se querem usar videovigilância para garantir a segurança dos cidadãos, o melhor é instalar câmaras  nas  esquadras e  nas reuniões dos ministérios, dos grupos parlamentares, dos banqueiros e dos super-escritórios de advogados.
SEMIOLOGIA DA CRISE (VIII):

Era inevitável*. Por um lado, muitos dos  jovens políticos de hoje são da geração do rabo à mostra e do não pagamos; por outro, porque,  ao contrário da cantilena do pensamento  único  sobre  a austeridade, o que existe é isto: a solução fácil, a farronca, a inexistência da mínima forma de espírito colectivo, o ridículo, a desenvoltura retórica de um treinador  de futebol.
Cobrejante, começa a aparecer a figura do inimigo externo responsável  por todos os nossos males. Parece que o pressuposto messiânico ( ou sebastiânico, no nosso caso específico)   foi invertido: em vez da crença grupal  num salvador, a crença num responsável pelas nossas falhas.
Parece, mas não é. O que há é tolice  e efabulação, como ( para rimar ) no mito do Prestes João.


* o tom embevecido ( ele é o "Pedro") como a TSF apresenta a ameaça "de pôr as pernas dos alemães a tremer" combina muito bem com o resto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A  MÉDIA REVOLTA (I):

Depois de anos de apatheia, talvez vislumbremos um rasgo.  
O tipo médio é o tipo que não vê os espectáculos do Rui Horta, que ignora as vantagens fabulosas da parentalidade gay, que não se interessa pelo carro eléctrico; também é o tipo que não está filiado em nenhum partido, que não acha que um bando de bêbados a mijar e a berrar sob a sua janela  às seis da matina é uma manifestação contra  o imperialismo, que gosta de passar os domingos a ver futebol no sofá. Este tipo pode estar a ficar farto de ser uma experiência, de ser crédulo e não alcança o brilhantismo jurídico-filosófico encarregue de infinita compreensão para com ladrões violentos e banqueiros sedosos. Este tipo  são muitos tipos. Alguns milhões.
Dir-me-ão, os que estudaram, que este tipo, historicamente,  não se sabe organizar e que, por isso, uma vez apertado, virar-se-á para os demagogos. Bem, este tipo não é menos do que outros a quem foi dada a consciência de classe e que também se deixaram levar por demagogos. E dos bons.
GUIOMAR TORREZÃO:

Personagem intrigante das letras da segunda metade do século XIX (1844-1898).  Tocou  em muitas bandas ( poesia, teatro , ensaio, romance) e assinou sob o pseudónimo de Delfim de Noronha. Publicou na Ribalta e gambiarras ( nome  também intrigante) e na Mensageira. Herculano meteu-se com ela, no Almanaque  das Senhoras para 1874, Fialho de Alemida  dedicou-lhe  um texto elogioso  no Figuras de Destaque.
A brasileira Revista de Estudos Feministas ( artigo de Rosana Kamita)  destaca-a como líder feminista, atribuindo-lhe  a certeza de que o feminismo  é a causa mais intuitivamente lógica que o século XIX leva á solução do século XX. "Intuitivamente lógica" é uma fórmula deliciosa.
Neste poema ( Fevereiro de 1899) , publicado postumamente, Guiomar declara-se a Beatriz (as feministas precoces eram todas lésbicas?). O poema não vale um chavo ( um pastiche romântico que é quase ultra-romântico), mas a vida corajosa de Guiomar valeu muito.
Um pedaço de Beatriz:

Visão que surges n' estas horas mágicas
como eu te imploro a suspirar por ti!
como eu te vejo esvoaçar no espaço...
como aos teus olhos meu olhar prendi!
Ai! se lograsse de minh' alma as trevas
nos raios teus illuminar, estrella!...
OS FORCADOS SEM TOIRO:

Há uma nova moda panfletista: fulano é muito corajoso, frontal, destemido,  não se importa de fazer inimigos, etc. Das colunas dos jornais aos blogues, passando pelas rádios  e televisões. Lérias.
Quando esmiuçamos estes forcados, percebemos que estão numa tenta  de plástico. Sim, são muito valentes a chamar nomes a um político, para seis meses depois lhe lamberem os pés; sim, são corajosíssimos a atacar entidades indeterminadas ( os sindicatos, os árbitros) , mas  o google não nos dá uma única resposta torta aos patrões dos media; sim, são frontais declarando ter descoberto indícios avassaladores  de conspirações antidemocráticas , mas depois  recolhem à biblioteca e ao teclado.
Isto de citar um toiro que não existe  tem muito que se lhe diga.
 PSICO (I):

Quanto mais trabalho, mais preguiçoso fico. Suponho que isto acontece porque o meu trabalho é ouvir pessoas. As  histórias são todas diferentes , não se consegue extrair uma ordem, o que é uma grande desilusão. Julgava, ao fim de tantos anos, poder dizer que já vi  tudo, mas não. E isso torna-me preguiçoso,  faz-me compreender  o tanto que ainda  falta ouvir.
Esta quantidade, por estranho que pareça, não me traz grande proveito na vida civil. Não me deixam escutar, obrigam-me a participar. O delírio chega ao ponto de desejar assistir à minha vida, num canto, com uma cerveja na mão e  um prato de azeitonas ao lado: nenhum compromisso, nenhuma recusa, nenhuma responsabilidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ESCRITO POLÍTICO:

As coincidências felizes  são um pretexto para acreditarmos no destino; as trágicas são uma ocasião para o escrever.
 DE BOLSO:


A vida não é difícil,  insuportável é acreditar nisso.

domingo, 11 de dezembro de 2011

OS MAUS POETAS:


São agentes secretos. São toupeiras que infiltram as boas imagens. São  contínuos agarrados a uma  secretária gordurosa a ver passar as crianças  e a imaginá-las sem roupa. Agarram-se aos pássaros, aos  navios e aos dedos, agarram tudo o que se cole ao  bigode miudinho e depois escrevem poema no cimo da página.
Os maus poetas são filhos para salvar casamentos. E  prematuros.



sábado, 10 de dezembro de 2011

 BOA COIMBRA:

 Da Faculdade de Letras, que produz boas coisas com regularidade:
"Em Portugal, desde a génese do Santo Ofício,  o padrão dominante  foi o da aceitação e da colaboração ou, como já se constatava  no Conselho de Portugal em 1611, a conformidade e a  boa correspondencia".
O livro chama.se Baluartes da Fé e da Disciplina, O enlace  entre  a Inquisição e os Bispos em Portugal ( 1536-1750) e o  premiado autor é o conimbricense José Pedro Paiva.
Bourdieu na paleta, sim, alguma língua de pau ( "pesem embora"), mas de leitura dulciolente, para meu agrado nestas tardes de chuva.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Camerata Mediolanense (Live in Arcana Europa 2001)



Se Evola pudesse, assistia.
SEMIOLOGIA DA CRISE (VII):

Queimam-se navios, da Madeira  à  Guarda. Desmentidos e acusações, num espoliário  onde se respira despeito. Quid novis?
Alguma coisa. Noutros tempos, o som era o dos passos na alcatifa nos corredores.
Agora, a  angústia democratizou-se.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CARNES VERDES& MODERNAS:

O  tratado  com a minha talhante: 
peço-lhe jarrete
ela sugere agulha,
opto pela rabadilha,
ela dá-me pojadouro.
Na gordura estamos  de acordo,
não há febra que não a  peça.
Confesso,
ainda não me consegui
habituar ao cutelo fulheiro
e drogado  pelo sorriso da talhante.
Olha-me  sem lustre 
e provoca a  dona:
-Quere-lo para guisar ou vai assim?




Boss AC - Sexta Feira (Emprego Bom Já) videoletra

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

TALVEZ FOSSE BOM REVER O PROCESSO CASA PIA:

 "Pedro Guedes explicou ainda ao matutino lisboeta que o pai teve acesso a alguns pormenores sobre os homicídios através da jornalista do jornal "Sol". "A jornalista contou-me e eu perguntei ao meu pai. Foi assim que soube de alguns pormenores", afirmou o jovem, confirmando que a jornalista lhe carregou o telemóvel com 50 euros numa altura em que falavam regularmente. "Ligava-lhe muitas vezes e mandava mensagens. Foi a única vez que ela pagou alguma coisa", confessou".

O Apocalipse segundo Cioran (parte 2/6)



Sempre pensei que todos viviam na ilusão excepto eu.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E-370:

Uma manhã velha é um compromisso de honra.
Fazemos o que temos de evitar,
com a alegria dos garotos que não estudam.
Se nos interrompem,
herdamos um sonho racional.
A VAIA:

A Miguel Relvas clitorizou um  PS que sugeriu  o mesmo que suscitou a vaia a Miguel Relvas. 
Ainda mais motivante, aquilo que deve ser obrigatório  em democracia, a stasis, foi pintado nos media como um problema.
E assim se progride nos intervalos do retrocesso.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SEMIOLOGIA DA CRISE (V):

E no meio de  uma depressão económica e psicológica, uma conversa sobre excedentes. Estamos, portanto,  em pleno  sonho e  num sonho combatido com determinação: uns querem pagar dívidas, outros subsídios, mas todos reclamam a  paternidade do excedente.
Sugiro um Cesariny  seco e fresco: para falar ainda é cedo, para calar já é tarde.


LADIES PICKING DAISIES:

Era tão feliz
que tinha pavor da infelicidade.
No  sentido certo,
uma infeliz.
MEMORABILIA:

Demitiu-se o sétimo ministro da Presidenta Dilma. Um tipo percorre as crónicas da luso-brasileira do Público e  os blogues das esquerdas e não lê um texto, uma nota sequer.
O Brasil político desapareceu para os ex-fans da Presidenta. As tonitruantes esquerdas sempre tiveram esta capacidade de passar entre os pingos da chuva.

domingo, 4 de dezembro de 2011

SEMIOLOGIA DA CRISE (IV):

O homem do sindicato dos guardas prisionais, no outro dia, à TSF : as prisões continuam em défice. Esta expressão, incidental na boca do sindicalista, assume uma forma inculpe na orelha do ouvinte. Percebe-se que há poucos guardas , mas uma prisão em défice não seria uma prisão com falta de presos?
Toda  a ordem nova é considerada uma desordem, escreveu Fillon,  no Potlach ( Fevereiro de 1955). Se  a crise chegar às prisões, a comutação de penas cumprirá a premissa do Letrista.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

SEE YOU LATER ALIGATOR:

A melhor parte do Jacaré do 31 da Armada   é a que assegura ser  a biografia  de Cunhal uma "vingança de JPP": uma mimoplástica e original  interpretação.
A segunda melhor parte é o lamento por não terem encontrado nenhum amigo de JPP. Gente que  escava tanto e  esqueceu-se de que  há lá um no blogue.
SEMIOLOGIA DA CRISE (IV):

O secretário de Estado do Mar tem dúvidas sobre as radiobalizas. Secretário de Estado do Mar é um título  grandioso ou cómico. Grandioso se imaginarmos o homem como um Poséidon, capaz de gerar maremotos, abrir chasmas e admirador de  Tétis; cómico se o imaginarmos como o secretário do estado do mar,  um nadador salva-vidas,  que arreia bandeirinhas  e vigia banhistas.
A crise poderá limitar a aplicação das radiobalizas, mas os milagres estão a salvo. Uma das mães afiançou ter sido um milagre, mas, à cautela, também declarou que o filho não voltará ao mar. De  certa forma, faz como os gregos, que evitavam nomear o deus  porque isso equivalia a  chamá-lo.
EDITORES:

A Ler de Dezembro  já aí está e desta vez recomendo a minha crónica, que me garantirá edições de autor para o resto da vida.
NO ALVO.
SEMIOLOGIA DA CRISE (III):

No número anterior, ocupei-me da polícia  que prometia ser  o último refugium de segurança na situação actual.  Esta semana tivemos isto.  Uma crise dentro da crise, ou, dando  a palavra  a Carlos  de  Oliveira,  de modo que uma solução  assim mitigada deixa o problema quase  na mesma.
O nome do homem mencionado na notícia é bom: Quedansau. Talvez que dançou, talvez corruptela sincronizada do  francês: que  dans au  ( moins). O apelido é Correia, pelo que teremos  que (pelo menos)  num Correia.
Sim, bastou um Correia para acabar com a sensação de refugium.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O FUROR DOS DIAS BRUTOS:

Armindo Rodrigues, uma vez mais. Anda esquecido, bem sei, como muitos poetas portugueses, mas aqui será sempre convidado.  Médico, tradutor,  homem da Vértice e da Seara Nova,  comunista, ou, pelo menos, antifascista militante.
Neste livro, ensina uma poesia que nem é o meu género e por isso mais o respeito:

A noite vem
e no silêncio
que traz consigo
sentem-se  os homens 
mais sem raízes.

Falta o furor 
dos dias brutos
com que se exprime
a convicção 
de uma verdade.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A CAMPANHA (II):

No primeiro texto gerou-se um debate que vale  a pena. Peguemos no vídeo. Um corpo na morgue e o foco no perigo da reconciliação, ou seja, na contemporização. Para além do que já escrevi, acrescento mais coisas:
O corpo na morgue é o fim de um processo metódico. Tanto a potencial vítima como o potencial agressor não se revêem nisto.O método  não visa a morte da companheira, visa a sua subjugação. O osso  é outro e suporta um corpo sim, mas de superioridade masculina : física e cultural. Essa superioridade, por sua vez, respira  o hegeliano criteria: está certo porque posso.
Se eu dirigisse uma campanha destas ( já que insistem no veículo), apontaria ao início e à vida real. Filmaria os pequenos detalhes do desenvolvimento do método. Por exemplo, uma refeição em família que vai crescendo em raiva e termina com uma lambada ao pé do lava-louça. Ou uma discussão sobre uma saia sexy que não pode ser posta.

INSUPORTÁVEL:

É  a terceira vez que o Bloco utiliza a citação de Eça ( a da nódoa e da benzina). Que gente preguiçosa.
SEMIOLOGIA DA CRISE (II):

A propósito da devassa dos registos   naconais da PSP, dizia um polícia, ontem,  na TSF: Somos o último refúgio de segurança.
Refugere, re  -fugere - ium ( escapar para um lugar para  trás): procurar asilo.  Diz-se que foi aplicado aos huguenotes que fugiram de França depois da revogação do Édito de Nantes ( 1685). Mais tarde  desenvolveu o sentido de regressar a casa -  os retornados dos campos da Flandres, na I Guerra Mundial.
A polícia é o último refugerium de segurança porquê? Vamos viver dentro de esquadras?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MAIS UM PASSO NO PROGRESSO CIVILIZACIONAL:

Ter pai e mãe  é ofensivo. Ter dois pais ( ou duas mães)  seria também  ofensivo, por isso os americanos passaram  a ter apenas parents.
Aldous Huxley e Robespierre  devem estar  rir-se que nem  hienas. O primeiro, porque imaginou um mundo em que a maternidade seria um processo técnico-produtivo; o segundo, porque previu o primado da ordem política sobre o homem.
TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA (III):

Mais um  exemplo do "unanimismo" e do "pensamento único" de que se queixa Pacheco Pereira? Pois não. Deixemos JPP fazer a festa ( a narrativa),  deitar os foguetes e recolher as canas. 
É mais o caso de  um cavaleiro que nem sequer se quis molhar.

Adenda: outro exemplo de recusa de pensar, não é?
SEMIOLOGIA DA CRISE (I):

Na SIC-N , a voz que apresentava a peça ( o debate parlamentar sobre as alterações aos cortes nos subsídios) falou docemente de cortes brandos.
Esta ideia de um corte brando é a mesma que tenho quando separo, com uma faca japonesa, a pele da brancura do peixe.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA (II):

Se alguém tivesse escrito isto esta semana, Pacheco Pereira teria dito tratar-se de um texto cheio de ódio encapotado e um hino ao unanimismo da austeridade.
Como dizia Kraus, a verdade é uma criada desastrada que parte os pratos que lava.
TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA (I):

Vasco Pulido Valente escreveu este fim de semana sobre Cavaco.  De novo. Entre outras considerações, acusou o PR de ter assistido calado que nem um rato à débâcle.  Não me interessa o cobrejar  de VPV, tem de ganhar a vida. Interessam-me outros matos.
Como todos se recordam , e os registos não deixam que ninguém  se esqueça, Cavaco foi acusado de fazer avisos tremendistas, de dificultar e desmentir  Sócrates, de não conseguir deixar de ser ministro das Finanças. 
O silêncio cobrejado sopra de duas direcções. Do PS e do PSD. Coloquemos  as coisas nos comentadores e cronistas  media-blogues. Os do PS esquecem as críticas que fizeram a Cavaco, os do PSD esquecem a defesa que fizeram dele.



A CAMPANHA:

Pelo que vi, dinheiro desperdiçado. O corpo de uma mulher morta à pancada faz tanto pela diminuição da violência sobre as mulheres como o deserto faz pela falta de água. A linha é a mesma das campanhas de prevenção rodoviária: carros destruídos, sangue, aleijados, o resultado é o mesmo. Tudo como dantes em Abrantes, com a agravante de a crise obrigar a poupar gasolina, mas não os nós dos dedos.
O espancamento e assassínio de mulheres, namoradas e companheiras é um  crime metódico. Borges desprezava um pouco os policiais, porque  os crimes não se resolvem por raciocínios, mas por denúncias. Uma mulher que denuncia, neste nosso assunto, é uma mulher que tem mais probabilidades  de acabar no hospital  ou na morgue do que no tribunal ou segura ( não são, infelizmente, a mesma coisa).
A ideia de uma  campanha para prevenir a maldade é pateta. Imaginam uma campanha contra o abuso sexual de meninas de seis anos? Imaginam o velho quase impotente e  o trolha avinhado sensibilizados pelo anúncio de TV? 
Existe, neste nosso assunto,  como no bilhar livre, um efeito contrário: quanto mais as mulheres recusam o estatuto, mais pancada se arriscam  a levar. Eles não acompanharam a evolução dos costumes. 
A única saída é uma  resposta rápida e eficaz da máquina repressiva ( de forma a justificar a denúncia), coisa que parece estar destinada apenas ao tabaco. Enquanto ela não existe, a melhor campanha seria a introdução do tema em todas as palavras. Tal significa politizar o assunto, retirar-lhe a canga doméstica e colocá-lo no plano da vida da cidade. A Igreja, os partidos, as universidades, por exemplo, deveriam ser pressionados sem piedade para incluir o tema como um apelo ao carácter ( o ethos).

domingo, 27 de novembro de 2011

PAVIA:

Cristovam. Nasce em 1933, em Lisboa,  suicida-se em 1968, em Lisboa. Filho de Francisco Bugalho ( ele também Bugalho, Pavia era nom de plume), recomendava  suster o peso da hora, não vergar.  Podem encontrá-lo em 35 Poemas, Moraes Editora,  1959, mas eu encontro-o nisto:

 "Até as imagens  me são inúteis, porque contemplo tudo".

MORTE À VIDA:

O ministro assomou à varanda e dirigiu-se à multidão de cortes: Os tempos estão difíceis. É preciso arranjar pessoas.
Os cortes aplaudiram de costas.
O ministro insistiu: Não podemos continuar a viver ao lado das nossas possibilidades.
Os cortes fitaram o sol.
O ministro concluiu: Temos de cortar nos cortes.
Os cortes vestiram-se  de pessoas.
ANIMAIS  IMOLAM-SE PELO FOGO.

Adenda: gente fina e monárquica é outra coisa. No ano passado, com os mesmos animais, a culpa também foi dos  outros.

sábado, 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ESCOLHER UM LADO:

Como era previsível, com a coisa a começar a   apertar, o governo vai ficar sozinho na aplicação da  pudibunda austeridade. É agora muito fácil estar do lado do povo, do lado dos que perdem direitos adquiridos, do lado dos que vão sofrer. A falta de dinheiro é uma ideologia unificadora.
Uma amnésia,  insidiosa como um nevoeiro outonal, desceu sobre o nosso passado recente. Ninguém se lembra de como chegámos  aqui, por exemplo, BMW's X3 para os vogais  da administração de um metro de superfície  regional.
Em Tsavo, quando ainda havia muitos trabalhadores na construção da linha do Lunatic Express, os ataques dos leões eram encarados com relativa indiferença. Quando ficaram apenas umas centenas, o caldo entornou. Serve isto para recordar a maravilhosa natureza humana: a batata quente é para os outros.
Fernando Medina,  ( alguém que se sabe exprimir), do PS, falava no outro dia, na AR, da coesão social necessária para fazer o que tem de ser feito. Friamente, o que o governo está a fazer é emagrecer uma máquina pública pleonexica. Podia tudo ser diferente se fossemos diferente do que somos? Podia, claro, mas somos  - temos sido - o que somos. A coesão social, a fuga à fractura, só se alcançará com uma atitude decente.
Uma atitude decente é assumirmos todos as nossas responsabilidades*. Não tenho ilusões: quem está de fora ( a esquerda parlamentar) vai comportar-se como se tivesse chegado agora de Madagáscar; senadores e oportunistas vão comportar-se como sempre se têm comportado- cuidando dos seus interesses pessoais em nome "do povo". Os revolucionários  quererão fazer o que sabem fazer: escolher pelos outros.
Escolher um lado não significa escolher uma facção. Significa não fazer a escolha fácil, a que  as circunstâncias sugerem como melhor para o nosso futuro  individual. Escolher um lado significa ter dúvidas e esperar que essa escolha as possa resolver - o contrário é o fanatismo egoísta.
Na perigosa situação actual, como não sei o que o governo poderia estar a fazer de diferente, escolho o lado da opção actual. Não é o lado do partido ou do governo, é o lado da decência.




* Ao contrário disto
A PSICOLOGIA PARASITÁRIA:


( Gramsci, Sindicalismo e Conselhos, in L'Ordine Nuovo, 8 de Novembro de 1919)
A LER:

Mas a não confundir. A greve não ilegitima  ninguém e a burguesia periuniversitária do Bairro Alto,  que foi "andar na besana" ( palavras  ouvidas a um dos participantes, há pouco, na SIC-N) com a polícia ( homossexualidade recalcada  , coisa que não se percebe nos dias de hoje)  para as escadarias  de S. Bento,  muito menos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O QUE FAZ FALTA:

Poupem-me o coito interrompido  do ataque à democracia e o psicodrama da guerra civil. Uma vez não são vezes e uma sociedade não pode  estar sempre a experimentar as coisas de  modo vicariante  nos estúdios de TV e nas colunas de jornais. Não esquecer que nos gabamos de uma revolução de Abril que  condecorou PIDES e manteve no cargo juizes e procuradores  coniventes com anterior regime. Por vezes têm de acontecer stasis  se não queremos morrer histéricos.
Por último, outra boa razão. Seria terapêutico ver o que os Zizek fans diriam e fariam uma vez lá dentro.A julgar pelo que escrevem, uma barrigada de riso estaria garantida. Se em vez dessa burguesia blogo-universitária lá entrassem lavradores , operários, cabeleireiras e  taxistas, então sim, teríamos um problema.
OS TOTÓS MOLOTOVS:

Não sei se são estes que os revoucionários de batina  andam a anunciar.
 É certo que foi coisa pífia, mas é estranho que,  por exemplo, aqui, não assinalem actos tão originais e  revolucionários.
ABSOLUTAMENTE  SÓS:

Brejnev e uma bailarina do Bolshoi jantam na suite presidencial de  um hotel de Moscovo. O velho líder está enfeitiçado pela beleza da moça e, arrebatado, atira-lhe:
- Pede qualquer coisa. O que quiseres.
- Quero que abras as fronteiras - diz a bailarina.
Brejnev recosta-se, puxa uma baforada no charuto e  murmura com olhar malandro:
- Compreendo. Queres que fiquemos  absolutamente  sós.

Esta anedota da celebrada Rádio Mulherzinha ocorreu-me ao ler esta extasiada   definição dos  bons.
 FACETAS:

Ela diz que tenho  a mania de desistir.
Diz bem, mania. 
É uma espécie de persistência, uma fé no recomeço.
UMA CONSPIRAÇÃO DE ESTÚPIDOS*:

Por pura ganância, o PSD está a pagar  um preço injusto. Quem devia estar a implementar a recessão era o PS do engº Sócrates  com o seu corrido de PEC's. Se no lugar de uma  direcção ávida de dar bandejas  a mordomos  estivesse estado  uma direcção política, a esta hora o dr.Soares estaria a escrever, sim, mas sobre as laranjas de  Nafarros. E o CDS não estaria  a fazer, com orelhas de burro,  o que sempre esconjurou: aumentar impostos.
Afinal, a direita mais  estúpida da Europa presta-se ao papel de ceifeira da dignidade dos  pobres trabalhadores (  o que vai perdurar na memória deles por muito tempo)  enquanto o dr. Seguro almoça com os sindicatos.
O mito continua


* copyright by Jonh Kennedy Toole.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A TURMINHA DO "NOVO PARADIGMA":

É arrepiante pensar que a turminha do "novo paradigma" ( uma espécie de perdigoto  confitado no seu leito de vulgaridade crispada  com redução de preguiça balsâmica) é o que se interpõe entre  nós e o  "obscuro jogo do capital".
O que pensarão os sobreviventes do FMI de  1983 sobre  esta conversão de Mário Soares ( para não falar desta história de assar castanhas sem lume) ?
O COMISSÁRIA:

E as comissários sonham por ti. Enquanto dormias, elos  e alos asseguraram  que jamais a plural será masculino enquanto houver  uma singular feminina. 
Depois  foram  ao campa. E baptizaram as corvas e as elefantas. Que direita têm as  opressores de avistar ao longe e soar o masculino?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

 EM TODO O MUNDO CIVILIZADO:

Pois agora dirão que em todo o mundo civilizado é normal os jornalistas  que faziam entrevistas  encomendadas  ao  futuro ministro da economia sair de ao pé dele para  ir administrar o Turismo. 
Os sonsos são capazes de tudo, até de inventar a verdade.


Adenda: leiam isto , mas de estômago vazio. Os da  secção laranja  do DN eram realmente  reles e percebe-se agora  por que saltaram  como perdizes ao tal artigo de JPP.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A PATRULHA PERDIDA:

1) O novo bogue do Fernando Martins.
2) A Priscila Rego ( deve ser professora doutora  meu Deus), a minha explicadora de economia.
3) O blogue de Paulo Pedroso, que, estranhamente , é pouco citado. É um bom sítio de pensapolítica, sem piadolas nem charqueirices.
4) O Aimar dos blogues ( sobretudo quando fala menos dele e mais do resto).
TRADUÇÃO INTERROMPIDA:


Criaram um sinal  para a cama fria:
ela falava sueco, ele ensurdecia.
Tudo corria pela lei,
até que ele aprendeu sueco
e ela fingiu que percebia.
JAM SESSION ( com os srs. drs.  MH Leiria, A.O'Neill, Ruy Belo e MS Carneiro) :

Foi convocado ao gabinete  individual de saúde. Entrou no seu hospital, mas estava avariado. Não havia comboios de dorso alvo  nem carreira, apanhou um táxi. Chegou ao centro de saúde de Morcelas. A médica estava  em Las Palmas num congresso de dioptrias.  Com um pouco mais de azul foi além e num golpe de asa entrou  no ministério. Um médico, de fato e gravata e  assoado todo o ano, disse-lhe:
- Faça o favor de morrer  para não agravar o défice.
Perfeitamente. Sempre cumpriu o que lhe prometeram.

domingo, 20 de novembro de 2011

Aalu Anday | Beygairat Brigade



Do Punjab, com amor. Gozam com os perigosos. Veremos se não acabam numa sarjeta e cobertos de moscas.
Notem o gozo do cartaz: "This video is sponsored by zionists". É uma barretada para as amelinhas  caça-pencudos da blogosfera lusa.
PROVINCIANOS:

Lembrei-me do Luís,  por isto e também por uma discussão que ele albergou sobre  as vendas dos jornais. A revista do Público,  de hoje, anunciava seis vidas que mudaram  com a crise grega. Estúpido, fui ler.
Em vez de escolher seis vidas diferentes, o mesureiro jonalista, grávido  do fascínio pequeno-burguês  pelo bas fond , espetou-me com seis vidas iguais: yá men, boémios, alternativos 'tás a ver, etc.

sábado, 19 de novembro de 2011

DEPRESSA E BEM:

O melhor  é entre  dois amantes com pressa
e cuidados de bandido.
Gastam-se um no outro,
subornam o tempo 
a  comer gelados.
Ao lado deste contrabando de vagares,
qualquer  interdito
é  doce de frasco.
CONTRA  O ARTISTA POP STAR E A RÉCUA  DO CROQUETE:

Um só  frase de António Batarda, hoje, na revista do Expresso, vale o jornal inteiro.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

VALE O QUE VALE:

Como todas as generalizações ( sei de actuais deputados que bem depois de acabar o curso nunca tinham lido um livro, sei de actuais estudantes que lhes davam um baile ), mas  a que  gosto mais é a de tomar Saramago por Moisés.
JOÃO MOTA:

Tenho uma nevoenta recordação dele, dos meus tempos do CITAC, à mesa com o Mário Barradas. Eu era um garoto e apreciava quem não tratava os garotos como garotos.
João Mota não vai em lamúrias e recorda tempos difíceis. Ora bem.
VIRA-CASAQUISMO (IX):

Assinalado pelo Eduardo. A crise e as contas e o défice explicam muita coisa, mas não explicam tudo. Já não falo do crinisparso Crespo, que é tão jornalista como eu sou do FCP, mas pensava que houvesse memória. 
Neste governo e nas suas dorneiras, o vira-casaquismo é um modo de vida. Bem sei.
VENUS IM  PELZ:

Embaraçava-o que não usasses pele.
Podias ser qualquer coisa
impossível de recusar
ou de abrir.
Sabia que não lambes feridas.
Sem pele
não há invasor.
A tua desídia
ganha  ao esforço.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Peggy Lee - Fever



Resistir a isto é pecado.
CONTRA OS PRECONCEITOS:


1) A sintaxe do documento de grupo de trabalho,  que pretende a RTPi como veículo da cultura portuguesa, é uma verdadeira homenagem  ao "anti-elitismo" ( as vírgulas ganharam vida própria, há frases que são parágrafos inteiros, etc). No ano passado,  nos blogues,  actuais assessores governamentais e professores universitários  deram abundantes sinais   desse saudável  "anti-elitismo".

2) Um comentador do caso Duarte Lima no Querida  Júlia, Moita Flores, esteve há pouco, na RTP,  num especial Duarte Lima,  a vociferar contra contra a "mediatização da justiça".
EU, ABAIXO ASSINADO, JURO PELA MINHA HONRA:

Prometer a desgraça
criar o dispensável
cumprir a desilusão
acusar  a memória
destruir o que há
oferecer o inútil
eleger a suspeita
substituir a verdade.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ASFIXIA DEMOCRÁTICA:

Os angolanos passarão a ver  de Portugal na RTPi o mesmo que os portugueses viam de Angola na RTPi.
IDEIAS ESTÚPIDAS:

Andaram estes anos todos a dizer-nos que estava na forja uma União Europeia, sem barreiras, um espaço comum. Agora dizem-nos que  não se pode emigrar, que é pecado, que é salazarista.
Mais estúpido ainda é verificar que as esquerdas humanistas,  antinacionalistas  e antixenófobas consideram uma barbaridade que os portugueses procurem trabalho na Holanda ou na Polónia,  mas tinham  crise epileptiformes sempre que Paulo Portas falava  em limitar a imigração.
Dizem que  foi a economia que falhou? Como pode alguma coisa resultar  no meio  deste loendral?
DES- EFEITOS:

Não lhe tenho  tanto desamor como o Eduardo, mas é verdade que o aparecimento  em cena do  desentrouxado  António José Seguro faz com que Portas pareça  Asquith  e Passos  Coelho recorde Gladstone
ESCAVAÇÕES:

A poesia portuguesa, e  a inglesa recente e quase toda  a francesa  depois de Char, Ponge e Vian  (a  italiana é sempre soberba),   sofre barbaridades com os clichés: navios, frutos, rios, nuvens, pássaros, palavras,  etc.
Mário Rui de Oliveira, talvez um pseudónimo*,   em O Vento da Noite ( prefácio de  Eugénio de  Andrade, Assírio, 2002),  não foge à degola e até se esmera com este  betão pré-esforçado: " as palavras  larvares do mais esquecido magma". Como sempre, alguma coisa se aproveita:

"Os minutos de uma espera são, por vezes, a vida".


* Não é (ver comentários).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MARINHO PINTO-ESTUDO DE CASO:

De cada vez que ouço e vejo MP, a minha análise é deturpada. Simpatizo, por  natureza, com emmerdeurs ( sou um) e nada no percurso dele se assemelha ao comum português. Não é cordato, não contemporiza, não chama hoje gastrópode  a um para amanhã lhe estar a lavar os pés ( não será nunca , portanto,  deputado ou assessor). Dito de forma breve: é conflituoso no sentido stasico, não nas palavrinhas que caem perante a lisonja  ou o dinheiro.
Acontece que, depois  desta deturpação, sobrevém o raciocínio. MP fala para os cidadãos sempre que tem um microfone à frente. Nesse sentido, devia medir o que diz. E não, não se trata de amaciar: antes pelo contrário.
Esta semana, declarou que existem cambões entre as grandes sociedades de advogados e o Estado. O homem que me vende as morcelas  diz o mesmo. Este tipo de declarações são habituais em MP, que, quando apertado, justifica-se dizendo que não é polícia. O homem que me vende as morcelas diz o mesmo.
MP parece estar num beco.  Tem uma agenda política, e muito bem ( não escrevi partidária) , que se esvai lentamente  com o passar do tempo. De cada vez que sobe o tom das denúncias, estas perdem força pela sua natureza informe,  abstracta e comicieira.
Marinho corre o risco de acabar como o inflamado  Lugones, que passou do socialismo ao fascismo sempre aos berros,  a quem Borges fez o epitáfio:  começava por repelir qualquer opinião, depois inventava razões e as razões  geralmente não eram  razões mas epigramas.
O SEU A SEU DONO:

Chega ao serviço num carro mais barato do que o dos empregados de alguns colegas. Não aparece nas  colagens  perfunctórias  ( as chamadas , em tempos que já lá vão, revistas de cabeleireiro), não se adorna  para obter uma  mistura de Jack  O Estripador com o Shaka Zulu.
Hoje disse isto: No Benfica já me homenageiam todo os dias pela forma como me tratam*.

* Tirado DAQUI.
ESTRANHO:

Leio com gosto a Estrela Serrano, até porque aprendo, mas desta vez fiquei intrigado: a ES julgará que as eventuais lesões ao Estado num eventual affair de corrupção  se resumem ao valor das prendas trocadas?
Como não acredito que ES julgue  semelhante coisa, o texto é  estranho.
NOVO FIM DA CRISE:

Por Álvaro Santos Pereira.
Lembro-me de Valery: Se um pássaro pudesse explicar com exactidão o que canta, por que canta e o que nele canta, já não cantaria.


Adenda: Já tentou corrigir. Sendo um ministério-chave, fica por saber para que foram contratadas as grosas de assessores.
HERESIAS:


A minha religião é  a chuva. Ajoelho-me à altura da pradela e oro: cumpre a vontade de anular  os sons do mundo. Não é apenas água, pobre peregrino: é o céu e desce a ti.
O teu Deus é sólido? O meu também não sabe.

domingo, 13 de novembro de 2011

BELTENEBROSO:

No Amadis de Gaula, c. 1508, Montalvo sim, João ou Vasco Lobeira talvez ( a doutrina divide-se * quanto à autoria dos vários livros  que compõem este romance de cavalaria),  há uma passagem baptismal deliciosa. Amadis, depois de discutir com Gandalim, mete-se por trabalhos  e veredas.  Numa  grande veiga ao pé de uma montanha, encontra  um velho  religioso de barbas brancas. Amadis pergunta-lhe se diz missa, o velho diz que o faz há quarenta anos. Amadis  pede para ser ouvido de confissão e quer ficar a viver com o velho. É então que o sacerdote o baptiza:

"- Quero pôr-vos um nome que será conforme à vossa pessoa e à angústia em que sois posto:  que vós sois mancebo e mui formoso, mas a vossa vida está em grande amargura e trevas. Quero que vos chameis Beltenebroso".

Quem quiser aproveitar para uma personagem fará muito bem.




* Segundo Costa Marques , o cancioneiro de  Colocci-Brancuti  inclina a coisa para João Lobeira.

sábado, 12 de novembro de 2011

CONTINUA:

Passam-se dias de aço e não vejo nada. O número de mulheres e companheiras mortas, ameaçadas ou espancadas pelos seus homens continua pujante.
Os bispos e cardeais  preferem continuar , luzidios  de anéis e batinas, a falar de política ; a esquerda  libertária  parece continuar mais interessada nos assuntos LGBT e nos  feriados religiosos ( só se mobilizarão com novo caso Roberta).
As gajas?  Que se fodam*.


* Um leitor  espantou-se com o uso do verbo, porque nunca o fiz.  Eu também, mas não me ocorre outro.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

SUGGESTIO VERI (II):


1) De Charles Philippe d'Orléans, este Reis no Exílio. Quando comecei a ler, cuidei  ter de saltar dezenas de páginas sobre descrições de festas e baixelas. Errado. 
Está muito bem escrito, agarra o tom certo de fim de  festa, acompanha o relógio geopolítico e é sóbrio.
Tem página  no facebook.

2) Para os iniciados, um Corbett vintage. É o único leopardo que consta do Guiness.
Quem julga que vai ler as histórias de um caçador fanfarrão, está enganado. Corbett é grace under pressure. Quem julga que vai ler crítica do império e análise da natureza humana, está 100% certo.
ESQUERDA/DIREITA (IV):

Seis ministros-6.
Quantos dossiês,  como " Acorda  Brasil!" ou  "Tubarões  no  Planalto",  não  teriam sido feitos, por exemplo, no Público ( pela correspondente que está lá um ano e  já fala brasileiro), se Dilma Roussef, em vez de ex-guerrilheira marxista, fosse uma ex-banqueira?
E é assim que se fazem as coisas.
O BURACO DO BLOCO:

A  teoria explica-o por se terem esgotado as causas fracturantes. Ingenuidade pura, porque as fracturas nunca se esgotam. Ainda no outro dia, recebi um email ( enviado pelo Vasco Lobo Xavier) narrando a decisão de um juiz brasileiro que equiparou dois  anos de ménage a trois  ao estatuto de união de facto ( para beneficiar  uma pobre rapariga explorada pelo casal lascivo). Será  uma brincadeira, mas aponta o caminho estrelar.
Julgo que o buraco tem outra causa. Metade do eleitorado do Bloco era composto  pela classe média cultivada, universitária e com aspirações intelectuais. Era gente que podia ser da esquerda-guevarista mantendo todos os tiquezinhos pequeno-burgueses: os rebentos em colégios privados ( ou religiosos, meu Deus!),  carrinhos novos, feriazinhas & spa, atum  fresco em leito de manjericão  frisado com wasabi, etc.
Acontece que, com  a crise, outro tique,  bem medianinho  e pequeno-burguês,  veio ao de cima esplendorosamente: o da segurança.  De repente, quando se tratou de cuidar dos aforros, das casas  e dos empregos,  passaram  a tratar o Bloco como o primo maluco que os visita no Natal.
LER:

E acrescentar: Ó Eduardo, não se consegue convencer António Costa a assumir a coisa num prazo razoável ?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

TROVAS ÀS DESORDENS:

Nam sey que possa viuer
neste reyno ja contente,
poys a desordem na jente
nã quer leyxar de creçer.
A qual vay tam sem medida,
q se nã pode soffrer
nam ha hy quem possa ter
boa vida.
(...)
Outros vão trazer atados
hus lençinhos no pescoço,
q cõ gram pedra nu poço
deuiam de ser lançados.
Outros, sem ser mãcaypados,
sendo menores dydade,
andam ja cõ vaydade
agrauados.

( Duarte da Gama, Cancioneiro Geral)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MANIFESTO DA  CRISE SEXUAL:


Quando te despedirem,
come o  patrão.
Quando te perguntarem,
come o político.
Quando te acalmarem,
come o padre.
Quando te cortarem o subsídio,
come a   vizinha.
Quando te aconselharem,
come o sindicalista.
Quando não conseguires remédios,
come a  médica.
Quando não  tiveres casa,
come  a sogra.
Quando te baterem,
come o polícia.
Quando te prenderem,
come a juíza.
Quando não te derem crédito,
come o gerente.
Quando te mentirem,
come a jornalista.

Quando  não tiveres mais nada,
come  a tua mulher.




PARA A ESCOLA:

As mochilas levam os miúdos à frente, os carros comprimidos pelas bermas assediam  o cortejo; os passantes  agarram-se a  guarda-chuvas que se beijam ao de leve.  Todo o  movimento  é imperceptível  porque  repetido sem êxtase.
A força da rotina reside na  sua justificação.
1968-2011:


"A sociedade industrial está em crise. Ainda ontem estávamos  seguros  de que as nossas sociedades ocidentais  eram imunes ao perigo de uma grave ruptura. Os liberais, auto-satisfeitos, calculavam que tinham adquirido uma estabilidade monolítica e  confiavam  na adesão das massas , tanto assim que consideravam toda e qualquer contestação como um acto desprovido de significado.
As sociedades  ocidentais  liberais  demonstraram,  involutariamente, os limites  do liberalismo aliado ao imperialismo (...). A sociedade parece dirigida por  uma elite  formada cada vez mais por técnicos que não procuram outra justificação do seu poder a não ser a elevação do nível de vida (...).
Quase paralisados , no plano moral, pelos  recentes esforços desenvolvidos para  alcançar uma integração total da sociedade industrial, é necessário agora que aprendamos a viver  um processo permanente de carácter explosivo".


( Le colosse qui vacile, Norman Birnbaun, 1968)


Tantos laparotos que andam  aí a pregar coisas velhas como se fossem produtos novos das suas pobres  monas.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

NÃO  É QUESTÃO  DE METER À BRUTA, É DE SAIR:

As mulheres  não querem sofrer  no parto, daí o aumento das cesarianas. Tudo o que é natural é verboten, sexista, machista, etc.  Obrigá-las ao natural é simplesmente idiota.
O sofrimento  corporal continuará  para os liftings, lipoaspirações, ginásios, etc.
NA MORTE DE TOMÁS SEGOVIA:

Visitem o seu blogue. Acabou aos 84 anos.
Ofereçamos-lhe Borges: a velhice é uma das formas  da insónia.
TRANSPORTES:

Ontem, na SIC-N, , Álvaro Santos Pereira  esteve muito bem. Não falou troikês nem swahili, não chamou traidores aos grevistas, como ouvimos , mais ou menos veladamente, no passado.
No link falta  o acrescento: o ministro disse ainda que irá tentar salvar as empresas, o que não é possivel sem mexer  na situação. Simples.
SÍNTESES (VII):

As mulheres receberam a pílula e um ordenado. Depois foram estudar e alcançaram lugares de chefia. Em casa continuam a ser espancadas. Podia dizer-se que são mulheres diferentes, mas não: os homens é que são os mesmos. 
As políticas de igualdade estão, portanto, erradas: o alvo devia ser o homem.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

INVERNO ISLÂMICO (III):

 A nova griffe está velha,  os tios e tias  da Primavera Árabe desinteressaram-se. Ficaram os cínicos:

 1) Blogger que tinha sido preso  no regime de Mubarack foi  preso de novo. Confuso? Lá é Primavera.
2) Leia o testemunho.
3) Novidades sírias.

 QUIMIO:

Tem um cemitério
dentro da cabeça;
localizado no ponto médio
de uma linha
que vai da orelha esquerda
ao ouvido imaginário.


As manhãs
que ela cruza
o meu pensar
são os dias 
do nosso  espelho.

domingo, 6 de novembro de 2011

Boris Vian - Je Bois



Daqui a uns anos esta canção é interdita , gender politics oblige.
Aproveitem enquanto as comissárias não lhe deitam a mão.
SÍNTESES (VI):

Deus  é o  tipo em que só acreditamos quando estamos prestes a encontrá-lo.
Por razões científicas, acreditamos  nos políticos, nos astrólogos e nos revolucionários muito antes de os conhecer.

sábado, 5 de novembro de 2011


 DE PÉ DE ORELHA:

Vai buscar o ouvido, disse a velha velhíssima  para filha velha.  E cuidado não caias, essa travinca é traiçoeira. A pequena lá lhe trouxe o ouvido que a mãe pendurou na orelha esquerda.
Agora apetecia-me o teu pai,  tornou a velha. Já está na terra faz tempo, respondeu a filha velha.  Pois é disso que tenho apetite  de comer,  resolveu a velha velhíssima.



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O PAÍS DOS ROLE MODELS:

Seguro disse, ontem, com visível orgulho, que o PS não é  como o partido da oposição na Grécia. É impressionante a nossa adaptação aos modelos desde 1974. Vejamos:
Em 74/75 queríamos ser a Albânia, a China ou a URSS. Eram os nossos modelos. Depois  quisemos ser  como os outros países desenvolvidos e entrámos na CEE. Por volta de 90, a Espanha era o modelo de país. Quando a coisa começou a descambar, ficávamos aliviados por estar à frente da Grécia.
Na viragem do século, o tigre Celta irlandês passou a ocupar o imaginário megalopata do binómio políticos-media. Logo depois  entrou a mania dos países nórdicos, com a refulgente  Finlândia à cabeça.
Agora, mais  comedidos, dedicámo-nos  à aprendizagem vicariante: não ficar como a Grécia.
SÍNTESES (V):

O direito  à autodestruição  é o dever de qualquer homem livre.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SÍNTESES(IV):

Uma crise só é uma crise no momento em que a solução é pior do que a situação. Por exemplo, o suicídio ou o divórcio.


Viva o natural  e isso tudo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SÍNTESES (III):

Se és fiel  a um ideal ou a um amigo, és uma pessoa  decente. Se és fiel no casamento   ou à Pátria,  és um reaccionário moralista.
HOMOFOBIA IN PERSEPOLIS:

Os canalhas,  que passasse-se  isto na terra do Grande Satã  estariam agora a rosnar, estão caladitos.
A esquerda revolucionária  da Pocariça vale zero e os media que dão espaço aos seus ditirambos antihomofóbicos ainda valem menos.
PSICOPÁTRIA*:

Gostamos  muito de paninhos quentes, rebiangas e passes laterais.  O homem disse uma evidência, mas em vez de o criticarem por lhe estarmos   a pagar para ser evidente, resolvem atirá-lo da rocha Tarpeia.
Em que somos diferentes  dos  chineses,  dos  canalizadores polacos ou dos nossos   avoengos? Talvez no delírio de grandeza.


* copyright  by GNR

HOJE LEMBREI-ME DISTO .

adenda: as coincidências são sempre curiosas.
O INVERNO ISLÂMICO (II):

1) Passarinhos primaveris  no parisiense Charlie Hebdo.
2) Um raio de  sol: a homossexualidade não tem de ser reprimida  no Islão.
SÌNTESES (II):

Até aparecer Israel, o ódio ao judeu era uma ira crua e comum nas chancelarias e nos panfletos. Depois passou a ter justificação jurídica.
SÍNTESES (I):

O casamento é tão antinatural como a sodomia.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A VANGUARDA DA CORTIÇA:

Segundo  um jornal de  Coimbra, Adriano Moreira foi o orador principal da  conferência do Casino (  da Figueira da Foz) " Ciclo Rotas do Futuro - Re...Descobrir o Mar". realizada no passado sábado.
O que sugeriu? Exactamente o que estão a pensar. O antigo ministro de Salazar  disse que o futuro de Portugal está onde esteve o passado, ou seja, no mar.
Pior do que  a crise, é ver como continuamos a apreciar banalidades, que flutuam,  como rolhas, em qualquer mar.

domingo, 30 de outubro de 2011

DOWNSTAIRS, DOWNSTAIRS:

A passagem de  Downton Abbeyna FoxLife,  provocou os habituais suspiros abafados nos lencinhos: "those were the days", "que mundo simples", etc. A série está bem feita, claro, mas, talvez porque cresci a ouvir as histórias sobre as criadas de dentro  que nunca tinham visto um autoclismo, deixo duas notas:

1) A série, tal como a original Família Bellamy, ( Upstairs, Downstairs),  não "transmite  os valores de uma época" coisa nenhuma. Transmite  as categorias culturais da classe dominante,  que,  é verdade, eram por vezes assimiladas pelas classes dominadas ( Reich,  que distribuía preservativos  pelos  operários de Viena nos anos 20, queixava-se de que o proletariado imitava  a moral sexual burguesa).

2) O sucesso deste tipo de séries reside num logro. Enquanto aparenta mostrar dois  mundos ( o da aristocracia e o dos servos), só mostra, de facto, um. O que atrai o espectador é o charme das caçadas,  dos  jantares,  das porcelanas, dos dichotes entre charutos,  etc. Ninguém pagaria para ver de perto a higiene dos empregados, a comida dos empregados, a forma como viviam os pais dos empregados, o casamento dos empregados; como não faria sucesso uma  série  escatológica sobre os hábitos de vida dos 5d per hour.
O INVERNO ISLÂMICO (I):

1) O recolher obrigatório bom, em Sidi Bouzid ( lembram-se?), de que não se  fala.
2) Uma grande mudança primaveril : dantes era-se preso  por dizer mal de Mubarak.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O ÂNGULO ERRADO:

O problema não está nas subvenções  dos políticos, como não está nas viagens  dos deputados, como não está nas ajudas de custo dos ministros. O problema não é o dinheiro, é as pessoas.
Um Rui Sá e  um Lucas Pires ou uma Ana Gomes e um Lobo Xavier  valeram e valem cada cêntimo que ganharam ou hão-de vir a ganhar, seja qual for a modalidade. O problema é uma classe política empregada da política. Deputados e políticos quase analfabetos, que nunca foram nada fora do círculo  partidário e assessores  nomeados a metro,   que estavam  no sítio certo à hora certa, são e serão  sempre caríssimos.
É um erro discutir a questão pelo lado das moedas. Acabamos como os herdeiros a cortar a garganta uns  aos outros pelo  colar  da avó. Num tempo em que homens de vida feita abandonavam as suas carreiras para servir o partido ou o Estado, as subvenções e os subsídios eram obrigatórios. Hoje é o tempo em que homens sem vida nenhuma  abraçam a política para arranjar uma.
Quando vemos  antigos magarefes  comportarem-se como nababos, é nosso dever não desesperar. Talvez  reler Tácito ( Vida de Agrícola) :  A própria memória teríamos perdido  com a palavra, se estivesse tão em nosso poder esquecer quanto calar.