Lathe Biosas
Uma história do futuro: aqui e, todos os meses, na revista "Ler".
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Lá como lá
Quando Epidamos declinou, o partido democrático derrubou o partido aristocrático, que foi aliar-se aos estrangeiros que fustigavam a cidade - tanto por terra quanto por mar ( Tucídides 435.3).
Epidamo era uma colónia de Corcira, mas fora fundada pelos Corintos. Isto deu uma das mais famosas trapalhadas da Guerra do Peloponeso ( entre colonizadores, fundadores e respectivos e poderosos aliados), mas podia ser ensinado nas universidades aos alunos de estudos pós-coloniais. Sempre passariam a compreender que não foram os terríveis impérios europeus da Expansão que inventaram o sistema.
Ainda assim, o que me interessa é o carácter mental do processo de colonização. Há muitos anos, um empresário francês instalou-se no Brejão. Os habituais aldrabões-intermediários locais enriqueceram, o empresário não perdeu um tostão, enfim, o normal. O Brejão é uma terra colonizável? Talvez. Conheço-a bem. No início da recta, um café pequeno e escuro vende conservas e um pão que dura dez dias. Para a esquerda, mar e casas remediadas, miúdos saídos de um documentário sobre uma aldeia boliviana. Para a direita , pastagem e mais pastagem.
O Brejão não tinha aliados ( nem Esparta nem Atenas nem o Estado português) ou inimigos. Aceitou o francês como teria aceitado um bielorusso.
RTP Memória
Em vez de 250 milhões / ano e mais uns grossos trocos, os 140 que já pagávamos.
Optima decisão do governo. As namoradinhas de Portugal que ganhavam 30.000 euros/mês para espirrar em público, as cavalgaduras que arranjavam pretextos para despedir quem incomodava o angolano Eduardo dos Santos e bidés como estes, podem todos ir trabalhar para as obras.
O melhor canal, o RTP Memória, que continue a disponibilizar o arquivo. Para que não esqueçamos.
Optima decisão do governo. As namoradinhas de Portugal que ganhavam 30.000 euros/mês para espirrar em público, as cavalgaduras que arranjavam pretextos para despedir quem incomodava o angolano Eduardo dos Santos e bidés como estes, podem todos ir trabalhar para as obras.
O melhor canal, o RTP Memória, que continue a disponibilizar o arquivo. Para que não esqueçamos.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Rui Ramos, Burckhardt e a chave Loff
Este senhor gostava da História como uma literatura imaginativa e como um esquema do todo ( Gesamtschilderung), mas isso não o impediu de ser, ainda hoje é, uma inspiração sobre os hexâmetros de Navagero ou as façanhas políticas dos Este de Ferrara.
Rui Ramos tentou imaginar, esquematizar. Não pode. Não tem permissão. Proponho então a chave Loff, que explica a verdadeira visão da História - a das televisões, da TSF, dos jornais e de alguns ( nem todos) blogues de esquerda. Por exemplo:
Rui Ramos tentou imaginar, esquematizar. Não pode. Não tem permissão. Proponho então a chave Loff, que explica a verdadeira visão da História - a das televisões, da TSF, dos jornais e de alguns ( nem todos) blogues de esquerda. Por exemplo:
Salazar: ditador fascista
Fidel: Líder histórico.
ou
Comunismo: uma generosa utopia por vezes com erros
Capitalismo: a barbárie.
Por outro lado, Claudio Torres diz há muito tempo que nunca houve invasão islâmica da Península. Os mouros foram convidados ( e desconvidados, presumo, depois de Poitiers) porque os reis visigóticos não se entendiam e os bárbaros foram os porcos cristãos ocidentais que os expulsaram. Claro está que mete o Iraque e o Grande Satã americano ao barulho, numa exemplar demonstração daquilo para que serve o revisionismo.
A direita historiadora alguma vez mexeu uma palha contra esta ( e outras) cretinices? Não, porque é preguiçosa. Bons tempos os da Futuro Presente ( o número sobre Margaret Mead é de chupeta) , animada por Jaime Nogueira Pinto, Borges de Macedo etc.
Ficamos assim.
Ou assim, sobre Loff e os que os citam, acoitando os métodos:
" 3º passo – a concluir, como eu era, hipoteticamente (o que, aliás, é falso!), contra as relações sexuais com maiores de 16 anos, vai de meter ao barulho a Fox TV, a invasão do Iraque e a destruição à marretada de carros franceses…
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Prever a tempo o cogumelo venenoso
Antes tarde que nunca. Já o escrevi, mas um provinciano anacoreta tem menos eco. O processo é bem visível no laboratório dos blogues.
No que toca ao osso, JPP faz o mesmo relativamente a outros assuntos. Quem concorde com uma medida, ou com uma parole, do governo, é arrumado na casta dos instalados e/ou dos que lucram com a crise. O caso do acordão do TC sobre os cortes dos subsídios foi exemplar.
Isto é história do futuro porque repete-se vezes sem conta e parece sempre novo. Carlos de Oliveira ( Finisterra) descreve muito bem o processo: Os quistos devem ser extirpados. A comunidade elimina-os, não os deixa degenerar. Legítima defesa. Prever a tempo o cogumelo venenoso.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Vamos matá-lo e depois adorá-lo como nosso santo padroeiro
É Burckhardt que conta a história. Havia , talvez em Siena, um oficial que livrou o povo da agressão estrangeira. Todos as semanas se reuniam para decidir como recompensar o homem, mas nada parecia suficiente ou justo, nem mesmo fazer do homem Senhor da cidade. A página tantas, um cidadão lembrou-se: vamos matá-lo e depois fazer dele santo padroeiro da nossa amada cidade.
Quando mostrei este vídeo à minha filha, ela analisou: coitadinhos dos cães.
Quando mostrei este vídeo à minha filha, ela analisou: coitadinhos dos cães.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Quem é o pai do Diabo?
Ao fim de algumas voltas , lá consegui adquirir as Farpas Esquecidas. São textos publicados em O António Maria e que não foram editados na edição original ( e em muitas das posteriores) de As Farpas. Dois ferros de Ortigão sobre a Igreja merecem orelha:
Quando relata o que o padre da Igreja da Encarnação, no dia 8 de Dezembro de 1880, disse às suas ovelhas: " Bem aventurados os que não sabem ler nem escrever, porque os livros modernos pervertem a consciência dos homens". Ortigão andava de lado com a mania de libertar pela civilização a raça preta, porque sabia que o que se pretendia era a catequização dos pretos. Daí a história do preto que pergunta a um clérigo que o catecismava quem é que vinha a ser o pai do Diabo.
Ora, a zorra de Ortigão contra o ódio aos livros aplica-se hoje: o Meo ( que tem uma discoteca ilegal em Portimão da qual faz publicidade à vontade), a televisão, os pais, o telemóvel, o facebook e muitas outras formas de religião popular afastam a gente dos livros. Os regimes salvíficos ( o soviético, os islâmicos e o nazi, por exempl, também entendiam ( os islâmicos ainda entendem) que muitos livros eram prejudiciais aos bem aventurados. Por que motivo é sempre a Igreja a alombar com a acusação é mistério insondável.
Noutra farpa, Ortigão conta que o governador civil de Évora resolveu, por alturas de Março ou Abril de 1881, dissolver a filarmónica denominada Alunos de Minerva e mais: apoderou-se dos instrumentos. Ortigão compreende a elasticidade do Código Administrativo e do Código Penal na caça aos adeptos de uma deusa pagã, mas recusa o confisco:
"Porque nós conhecemos os instrumentos de Évora tão intimamente como lhe conhecemos o pão de ló e sabemos que quando eles tangem, tangem pelo Todo-Poderoso ou pelo Sr. Deputado do círculo".
Quando relata o que o padre da Igreja da Encarnação, no dia 8 de Dezembro de 1880, disse às suas ovelhas: " Bem aventurados os que não sabem ler nem escrever, porque os livros modernos pervertem a consciência dos homens". Ortigão andava de lado com a mania de libertar pela civilização a raça preta, porque sabia que o que se pretendia era a catequização dos pretos. Daí a história do preto que pergunta a um clérigo que o catecismava quem é que vinha a ser o pai do Diabo.
Ora, a zorra de Ortigão contra o ódio aos livros aplica-se hoje: o Meo ( que tem uma discoteca ilegal em Portimão da qual faz publicidade à vontade), a televisão, os pais, o telemóvel, o facebook e muitas outras formas de religião popular afastam a gente dos livros. Os regimes salvíficos ( o soviético, os islâmicos e o nazi, por exempl, também entendiam ( os islâmicos ainda entendem) que muitos livros eram prejudiciais aos bem aventurados. Por que motivo é sempre a Igreja a alombar com a acusação é mistério insondável.
Noutra farpa, Ortigão conta que o governador civil de Évora resolveu, por alturas de Março ou Abril de 1881, dissolver a filarmónica denominada Alunos de Minerva e mais: apoderou-se dos instrumentos. Ortigão compreende a elasticidade do Código Administrativo e do Código Penal na caça aos adeptos de uma deusa pagã, mas recusa o confisco:
"Porque nós conhecemos os instrumentos de Évora tão intimamente como lhe conhecemos o pão de ló e sabemos que quando eles tangem, tangem pelo Todo-Poderoso ou pelo Sr. Deputado do círculo".
sábado, 18 de agosto de 2012
Como uma bola colorida nas mãos de uma criança
A civilização dirige-se para algum lado, isso é certo. É comum à
esquerda e à direita o argumento da dinâmica civilizacional. À esquerda
usa-se recuo civilizacional, à direita usa-se um duplo registo: ou
regresso à selvajaria ou destruição da dita civilização.
Horbiger foi aproveitado pelos nazis ( eterno retorno, conspiração judaica da relatividade de Einstein etc):
Horbiger foi aproveitado pelos nazis ( eterno retorno, conspiração judaica da relatividade de Einstein etc):
Hitler's fatal confidence in the success of his troops on the Russian front during the 1941 - 2 winter is generally believed to have been a result of his misplaced faith in Horbiger's weather forecasts. Despite such setbacks, the Welteislehre managed to thrive even after the war. The popular speculations of Immanuel Velikovsky derive in part from Horbiger. In 1953 a survey conduc- ted by Martin Gardner showed that more than a million people in Germany, England, and the U.S. believed that Horbiger was right.6 The Horbigerian cosmology posited an early epoch, some fifteen million years ago, during which a hugh moon moved across the sky very near the earth. Its gravitational attraction gave rise to a race of our ancestors, the giants. These giants, which appear in the ancient Norse and Icelandic sagas, sleep, yet they are alive. To the Nazis, they were Supermen. In one set of myths, contained in the Nibelungenlied, they lived beneath Teutonic mountains. In another they were prototype Aryans from the East, inhabiting VAST Tibetan caverns.Encontre no debate o eterno retorno e o grande gelo:
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Campanhas de dinamização cultural.
Seguindo o futuro passado de Parambos, quis arranjar imagens de uma acção de campanha de dinamização cultural do MFA em Calvelhe ou noutra aldeia transmontana, mas fique-se com esta, no Alentejo. Note-se que "o homem não pode viver sem a mulher e a mulher sem o homem", o que hoje enviaria este militar para o panteão dos homofóbicos.
Em 1975, Zeca Afonso, Francisco Fanhais e Luís Filipe Rocha ( realizador, para os mais novos...), visitam* Minas da Ribeira, em Trás-os-Montes. Zeca Afonso compõe uma canção em memória de dois mineiros presos pela PIDE. A última estrofe mostra que a ideia era transformar o camponês num actor central da revolução, num sujeito activo e motor da sua própria história:
"Entre Parada e Coelhoso
Ainda reina a opressão
Não deixem fugir o melro
Não quebrem a vossa união".
* Sónia Véspera de Almeida, Camponeses, Cultura e Revolução - Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA ( 1974-1975), 2009, Ed Colibri, UNL,
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