terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DA CLÍNICA (I):

1) O homem  não  a deixava mostar as mamas. Ela, com sessenta  e poucos anos, apanhou cancro numa das  ditas. No hospital ainda denunciou o marido por maus tratos, mas a família deixou cair a queixa: não tinha para onde ir.
A  mulher morreu em menos de quatro meses , o animal recebe as condolências.

2)  Doze anos maníaco-depressiva, uma vida  a arrastar-se em turismo psiquiátrico. Não escolheu, não queria, não podia. Só a vi uma vez, já em desespero e nada confiante. A última coisa que me disse foi: O que sou eu? Perco-me quando tento ir levar os meus filhos à escola".
Matou-se. Pior,  só ter de ler aquela frase  pré-encefálica: " todo o suicida  é um cobarde".

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