sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O BURACO DO BLOCO:

A  teoria explica-o por se terem esgotado as causas fracturantes. Ingenuidade pura, porque as fracturas nunca se esgotam. Ainda no outro dia, recebi um email ( enviado pelo Vasco Lobo Xavier) narrando a decisão de um juiz brasileiro que equiparou dois  anos de ménage a trois  ao estatuto de união de facto ( para beneficiar  uma pobre rapariga explorada pelo casal lascivo). Será  uma brincadeira, mas aponta o caminho estrelar.
Julgo que o buraco tem outra causa. Metade do eleitorado do Bloco era composto  pela classe média cultivada, universitária e com aspirações intelectuais. Era gente que podia ser da esquerda-guevarista mantendo todos os tiquezinhos pequeno-burgueses: os rebentos em colégios privados ( ou religiosos, meu Deus!),  carrinhos novos, feriazinhas & spa, atum  fresco em leito de manjericão  frisado com wasabi, etc.
Acontece que, com  a crise, outro tique,  bem medianinho  e pequeno-burguês,  veio ao de cima esplendorosamente: o da segurança.  De repente, quando se tratou de cuidar dos aforros, das casas  e dos empregos,  passaram  a tratar o Bloco como o primo maluco que os visita no Natal.

2 comentários:

henedina disse...

É como ser de esquerda ser mais fácil com democracia.
Há os que estavam no bloco e eram mesmo de esquerda e esses acharam o Bloco irrealista e apesar dos tiques pouco democraticos do PCP acharam que era um tempo de luta e votaram PCP. Brincar a esquerda caviar só apenas no recreio e já não estamos no recreio. Há os que notam qualidades do Louça mas já não suportam tiques autoritarios misturados com tom de voz freiratico e como abominam a ICAR tudo o que lhes cheira a autoritarismo ou ICAR deixa-os com os pelos arrepiados e passaram ora para o PS ora para o PCP. Os desiludidos militantes que votaram em branco ou nem foram as urnas.
E restam os que deram a cara pelo BE e não sabem bem onde se posicionar mas são um ramalhete de individualidades e não de "partido" e por isso amuam e saem rápido, ou vão sair. O BE só tem hipotese se deixar de ser um adolescente com ideias tolas, simpaticas, brilhantes mas geralmente inconsequentes e ganhar raizes no "povo" que diz defender e que pouco o conhece. Pouco provável que aconteça.

jpt disse...

pois é