ADIVINHA ADIVINHADA :
Quem escreveu isto:
"Aqueles que a meio de um esforço nacional que está a impor tantos sacrifícios aos portugueses, mas que está a ter a compreensão e a colaboração activa do conjunto dos portugueses, desertarem, desertam de um objectivo nacional e não merecem a confiança das pessoas”.
Pois é, meu caro Augusto Santos Silva, há palavras que queimam.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
O CANTINHO DO DJALÓ (IV):
Interromper o Miguel Sousa Tavares quando está a ver o Canal Panda sem som: o Luisão e o Rodrigo não foram utilizados.
O Benfica, quando faz golpadas, envolve a Espanha e o Brasil. Isto sim é uma golpada internacional, como só, repito, só, o Benfica sabe não imaginar e muito menos renegar.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
PSICOLOGIA DA CRISE (I):
( cont.)
Nas tão trabalhadas "Mémoires d''outre-tomb", já à morte ( Victor Hugo viu o manuscrito em duas caixas de madeira, ao lado da cama , quando o foi visitar, em Julho de 1848) , Chateaubriand foi ainda mais cruel: tout mes jour sont des adieux.
Portugal vive um bocadinho assim, n'ayant plus de d'avenir, je n'ai plus de songes, até a um ponto em que, para usar outra expressão de Chateaubriand, muitas pessoas já nem sabem porque lhes foi infligida a vida.
Fui buscar este registo porque me parece que as pessoas estão mortificadas, conformadas. Isto pode não ser tão mau como parece se pensarmos que o futuro é tão inevitável como a morte. Por outro lado...
( cont.)
OS HÓSPEDES DE JOB:
A crise e a troika não são responsáveis pelo discurso político. Ouçam aqui, numa cerimónia oficial do PSD : Passos não vive agarrado ao passado, porque não tem pedra no sapato. O que tem uma coisa a ver com a outra será da ordem da incapacidade de articular um raciocínio, da facilidade em despejar frases feitas, desconexas e inermes.
Já Fernando Ruas elogia o líder e fala de obsessões boas e obsessões más, da seriedade oposta ao regabofe. Qualquer presidente de junta faria melhor, não é?
Fiquemos com Cardoso Pires , no seu Hóspede de Job, e no "camponês derrotado que há em cada um".
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
JE SUIS PARTI:
O Medeiros Ferreira recorda um slogan de Vichy e eu recordei o que mais me interessa dessa altura: as casacas reviradas.
Não por acaso, tenho trazido aqui algumas histórias de escritores franceses filonazis, fascistas ou petainistas. Foi gente que nunca negou o seu passado. Já na Libertação, e na Depuração, a França assistiu a conversões miraculosas. Enfim, o receio de ser atado a uma bomba e largado em Berlim, ou simplesmente fuzilado, justificava a cambalhota.
O que surpreende é a mesma cambalhota em tempo de segurança. Li, no Sábado, no Expresso, o depoimento de Sousa Tavares sobre ( mais) um episódio envolvendo Luis Marinho, ocorrido no tempo de Santana Lopes.Como é possível que Pedro Lomba, António Barreto ( que dizia "Não sei se Socrates é fascista") e tantos outros, estejam agora calados, como a nêspera do Mario Henrique Leiria, a ver o que acontece?
Uma das publicações colaboracionistas, a Je suis partout, passou a ser, depois da queda de Vichy, alcunhada de Je suis parti. Uma boa legenda.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
D'ANNUNZIO, SEMPRE:
Diz G.A. Greene ( Italian Lyrists of to-day, Edimburg, 1893) que D'Annunzio nasceu num iate ( o Irene) e detestava poesia até que leu Carducci ( que já aqui trouxe). É um pré-rafelita ...italiano.
O final de "O Falce di Luna Calante" ( Canto Novo*, 1882):
Oppresso d'amor,di piacere,
il popolo de' vivi s'addorme...
O falce calante, qual mèsse di sogni
ondeggia al tuo mite chiarore qua giù!
il popolo de' vivi s'addorme...
O falce calante, qual mèsse di sogni
ondeggia al tuo mite chiarore qua giù!
* a nova escola não escrevia nuovo
sábado, 25 de fevereiro de 2012
O QUE FAZER?
Diante disto:
Pouco. Quando o partido conservador tem o seu marechal-de-campo a flanar pelas chancelarias ( na última passagem pelo governo entreteve-se a comprar submarinos) em vez de dar o corpo ao manifesto e entrega a estas pessoas a oposição ao minoritário e cosmopolita jacobinismo LGBT.
Começa pela salgalhada. O casamento homossexual não deve incomodar um pêlo púbico: é um assunto entre adultos, de lençóis. O pior vem depois.
A natureza explica, decerto, muitas coisas, inclusive a existência de alguns deputados. O que não pode, nunca, é ser brandida como argumento único. Qualquer mentecapto sabe que a base do conservadorismo deve muito mais ao combate à natureza humana do que ao respeito por ela. Ponham o deputado a ler Platão, Hobbes, Bodin, etc.
As tristezas continuam. O que se pode opor é a cultura. Os tupis e os bijagós não organizaram a sua de forma a que dois homens aluguem a barriga de uma mulher ( paga em búzios?) e possam criar um filho. Até a aborrecida Margaret Mead concluiu que era a cultura samoana que dava ( pretensamente...) mais liberdade sexual aos adolescentes.
Não adianta fingir. O que está em jogo não nasce da casualidade ( sempre houve crianças criadas sem pai ou mãe) nem de nenhum estudo científico que prove a beatitude dessa casualidade. As coisas acontecerem por acaso não significa que tenham de passar a acontecer de forma ordenada. Pior ainda: que a decisão de uma minoria vulgarize o que é excepção. Infelizmente, é o que vai ocorrer porque as elites conservadoras têm sido cúmplices da laceração da família tradicional: as políticas, porque aliadas à despersonalização consumista e hedonista; as religiosas, porque coniventes com um modo marialva e antiquado de dominância masculina.
Enfim, conclui-se que miséria intelectual continua pujante, como papoila saltitante, na direita parlamentar, confirmando o aforismo de Wilde: para se ser popular há que ser medíocre.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
QUAL É O ESPANTO?
O PSD passista ( incluindo os vira-casacas) morde as canelas do Presidente.
Tive um cão assim: quando o osso era pequeno, rosnava-me.
O PSD passista ( incluindo os vira-casacas) morde as canelas do Presidente.
Tive um cão assim: quando o osso era pequeno, rosnava-me.
CONTRA OS IDIOTAS:
Ainda me lembro, no tempo aRM ( antes Rosa Mendes), quando chamaram fascista , julgo que em Bragança, a Santos Silva, à saída de uma reunião partidária. Na altura chamaram-me, claro, "socretino".
Sempre gostei de ASS, isto enquanto espectador da stasis política: bem preparado, implacável, sereno.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
O CANTINHO DO DJALÓ (II):
Eu agora pago tudo em djalós. Uma bica, meio djaló; uma costeleta de arouquesa, quatro djalós; uma agência Lusa, dez djalós.
Eu agora pago tudo em djalós. Uma bica, meio djaló; uma costeleta de arouquesa, quatro djalós; uma agência Lusa, dez djalós.
O CANTINHO DO DJALÓ (I):
Tem razão: em termos desportivos. Já em termos ético-culturais-universais-imperiais e fractais, só o Benfica.
Tem razão: em termos desportivos. Já em termos ético-culturais-universais-imperiais e fractais, só o Benfica.
RECOMENDO:
Diferente ( e não é por causa dos cenários suecos), a léguas, dos policiais da Fox. Não tem meninas aos gritinhos nem sofisticados laboratórios de polícia científica.
Diferente ( e não é por causa dos cenários suecos), a léguas, dos policiais da Fox. Não tem meninas aos gritinhos nem sofisticados laboratórios de polícia científica.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
BEM LEMBRADO:
Por Michael Stolleis ( The Law under the Swastika - Studies on Legal History in Nazi Germany):
"One way to restructure the law was to introduce new terms and either stop using old terms or reinterpret them. As B. Ruthers has shown, reinterpretation proved as far mor effective method for implementing ideological change than the the introduction of new terms and concepts".
Does it ring a bell?
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
AINDA O CARDEAL:
Arrumada a questão da função essencial ( basta perguntar a uma mulher com um bebé nos braços ), falta discutir um pormenor da urticária que a afirmação do cardeal provocou.
Como sabemos, a ideologia LGBT postula que um mundo ideal será aquele em que não existam machos e fêmeas. Como todas as ideologias salvíficas, recusa o passado, radicaliza a linguagem e adora um deus perfeito. Partem do princípio que a desgraça vem toda da dominância masculina, por isso esforçam-se por abolir as marcas. Na parentalidade, postulam que tanto faz uma criança ser educada por dois homens, duas mulheres ou por um homem e uma mulher. O ódio patológico aos laços de sangue. travestido de "estudos científicos"*, como na Cientologia, serve apenas este propósito político.
Ora, a afirmação do cardeal remete exclusivamente para a mãe e isto irritou-os. E esta mãe ( não a do cardeal) não é uma abstracção saída dos departamentos de gender studies nem do palavreado da Donna Haraway:
"As narrativas de origem, no sentido "ocidental", humanista, dependem do mito da unidade original, da idéia de plenitude, da exultação e do terror, representados pela mãe fálica da qual todos os humanos devem se separar ‑ uma tarefa atribuída ao desenvolvimento individual e à história, esses gêmeos, e potentes mitos tão fortemente inscritos para nós, na psicanálise e no marxismo ".
Pois. A parola não conhece o "mito" do bapuka, dos Masai. Chama-lhe separação ...
* Já leram algum estudo científico sobre a parentalidade gay que não enalteça esta variante? Não acham original, em ciências psicosssociais, tamanha unanimidade?
* Já leram algum estudo científico sobre a parentalidade gay que não enalteça esta variante? Não acham original, em ciências psicosssociais, tamanha unanimidade?
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
À ESPERA DOS SONSOS:
"Por outro lado, nesta conversa com a TSF, Dias da Cunha é claro quanto à necessidade de esclarecimento acerca da fonte que forneceu a informação à agência Lusa".
Continuamos à espera que a Lusa revele o nome do calhorda. Pelo sim pelo não, é melhor arranjar um cobertor e uma almofada.
"Por outro lado, nesta conversa com a TSF, Dias da Cunha é claro quanto à necessidade de esclarecimento acerca da fonte que forneceu a informação à agência Lusa".
Continuamos à espera que a Lusa revele o nome do calhorda. Pelo sim pelo não, é melhor arranjar um cobertor e uma almofada.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
TEORIA (VI):
" As aves já ressequiram"
" Cego o coração do sussurro"
" Verbo brotando dentro"
" Atraía assim os ventos movidos por pássaros"
" Do leite de sua mãe possa regressar"
" Que se auto-pulverizem e eu seja ausente da sua existência"
"Como tangente ao perigo é a vida das aves"
Vários autores premiados e elogiados. A coisa é infecciosa.
Imagens, figuras, enfim, o tipo de coisas apreciadas pela crítica. A desolação interior ao texto, a busca de uma identidade labiríntica etc e tal:
" Cego o coração do sussurro"
" Verbo brotando dentro"
" Atraía assim os ventos movidos por pássaros"
" Do leite de sua mãe possa regressar"
" Que se auto-pulverizem e eu seja ausente da sua existência"
"Como tangente ao perigo é a vida das aves"
Vários autores premiados e elogiados. A coisa é infecciosa.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
O CARDEAL TEM RAZÃO:
Tem toda: a função essencial de uma mãe é educar os filhos. Se a mulher é mãe, é porque gerou, albergou e pariu, logo, a sua função essencial é educar a criança. Pode ser engenheira ou varrer ruas, mas a função primordial não será nenhuma dessas. Resta saber por que motivo o cardeal entendeu ter de dizer ( e parece que repetir) tal evidência.
Obama, por exemplo, não diz nada de diferente: "As mães lutaram para educar as suas crianças enquanto continuaram as suas carreiras profissionais para poder sustentar as suas famílias":
Como vivemos tempos de enorme solidariedade, generosidade e igualdade - longe vão as épocas das crianças abusadas, dos velhos mumificados em casa ou despejados em lares manhosos e das mulheres espancadas ou assassinadas - , as palavras do cardeal surgiram vestidas de reaccionarismo.
Talvez fossem apenas palavras de prevenção.
OS MIRONES:
Sempre em direcção ao elitismo, a política portuguesa respira agora através das anotações de mirones dedicados.
Sempre em direcção ao elitismo, a política portuguesa respira agora através das anotações de mirones dedicados.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
CAN & ALHAS E ASSOC.:
Podemos esperar sentados.
Se a Lusa confiou, é lógico supor que foi um jornalista o verme que inventou o boato. Também é lógico supor que se tratou de um jornalista Lusa-friendly, sportinguista e lambe-botas da actual direcção.
É ir levantando pedras.
Podemos esperar sentados.
Se a Lusa confiou, é lógico supor que foi um jornalista o verme que inventou o boato. Também é lógico supor que se tratou de um jornalista Lusa-friendly, sportinguista e lambe-botas da actual direcção.
É ir levantando pedras.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
A DEFESA DA MOBILIDADE:
Que o governo faz. Entende-se: saiam do Estado porque há gente a precisar de entrar.
Basta acompanhar o CC para constatar como a mobilidade tem sido uma preocupação constante do governo. Ele há cada mobilidade que nem vos conto. Ide ler.
Que o governo faz. Entende-se: saiam do Estado porque há gente a precisar de entrar.
Basta acompanhar o CC para constatar como a mobilidade tem sido uma preocupação constante do governo. Ele há cada mobilidade que nem vos conto. Ide ler.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
DA PURIFICAÇÃO
Uma organização cujos dirigentes e advogados mediáticos desculparam um incêndio planeado - e cujo presidente teve de sair sob escolta policial na noite da eleição-, pôs agora a correr um boato verduguento ( tem gente bem plantada nas agências) para se desculpar de um acto de gestão.
O desfecho lógico será uma hecatombe; não de bois, mas de juve-leões sonsos.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
TEORIA (V):
Os bordões - água, algas, mar, nuvens, chuva - podem ser, como os remates de longa distância, bem enquadrados. No estilo prefiro Bettencourt, mas Vasco Pereira da Costa também faz boa figura de poeta diante do mar açoriano. Até porque, tal como Bettencourt, derrete-se com o mar enquanto pretexto para o estudo do isolamento terreno.
Do Fogo Oculto ( 2011):
Conheci princípios claros, ideologias limpas.
Hoje, com três quartos do caminho andado,
aguardo a vinda dos amigos. Varri o alpendre.
BOA FALA:
"Em Portugal, os lucros da indústria abortista são os únicos que a esquerda tolera".
Resta dizer que o número de mortes desceu e, também importante, o número de humilhações desceu igualmente.
Convém recordar tudo.
"Em Portugal, os lucros da indústria abortista são os únicos que a esquerda tolera".
Resta dizer que o número de mortes desceu e, também importante, o número de humilhações desceu igualmente.
Convém recordar tudo.
DAS HIENAS:
Há muito que estão activas, há muito que lhes cheira a fraqueza. Por estes dias, os anarcas e os fascistas vermelhos de passa-montanhas-enfiados-passam por manifestantes anti-austeridade. Os media, sempre na nebulosa romântico-revolucionária, engolem as historietas de velhinhas e reformados a incendiar edifícios.
Quando chegar a vez de as hienas serem de outra cor, veremos se os media continuam pistosgas ou se acordam tarde de mais.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
DO PRAZER:
Restif de La Bretonne definiu-o com um trevo de quatro folhas na mão: "Le plaisir c'est la vertu sous un nom plus gai". Não contente, o sortudo continua: " Et la vertu qui rend malheureux n'est pas la vraie vertu".
Disseram dele que "voulait rendre tout amaible, jusqu'a l'hypocrise" mas esqueceram-se que era apenas estoicismo.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
DO RUÍDO:
Não sei se foram trezentos mil ou duzentos mil, sei que foram muitos.
Acontece que, como não houve meninos anarcas nem Maximovs de patins a confrontar a PSP, as televisões e as rádios só falaram dela nos intervalos do futebol e da Whitney Houston.
Adenda: ontem foram os blogues socráticos a medir praças e fazer contas ( imorredoira, a azia de João Pinto e Castro), hoje são os passistas a contar cabecinhas por metro quadrado. Isto já nem "é de Jotas", como dizia o JPP, é de jardim-escola.
Adenda: ontem foram os blogues socráticos a medir praças e fazer contas ( imorredoira, a azia de João Pinto e Castro), hoje são os passistas a contar cabecinhas por metro quadrado. Isto já nem "é de Jotas", como dizia o JPP, é de jardim-escola.
O GRANDE EDUCADOR DA CLASSE ESCREVENTE:
Vasco Pulido Arnaldo Matos Valente declarou, e foi fielmente copiado, que o exército não faz política e que não há o menor risco de uma sublevação. Parece que a aula assentou na premissa "em democracia".
Ficámos, portanto, a saber que:
a) é o poder político que decide quando e como a tropa se revolta,
b) o exército nunca derruba a democracia e esta controla melhor aquele do que a ditadura.
Como dizia Hegel, tanto pior para os factos.
Como dizia Hegel, tanto pior para os factos.
PATRIOTAS E BRASÕES DE FANCARIA:
Nas memórias do duque de Palmela, muito instrutivas, lemos a descrição ( pp 110 e 111) do comportamento da nobreza portuguesa durante a primeira invasão napoleónica.
Diz o duque que não foi bem uma invasão, antes uma passeata. E diz mais : a nobreza, em regra, dividiu-se em dois grupos: o que se escapuliu com o rei para o Brasil e o que, nem quinze dias depois da chegada da guarda avançada de Junot a Lisboa, logo se curvou diante dos franceses ( com o marquês de Alorna à cabeça).
É sempre bom recordar que títulos e sangue, ao contrário do que possa parecer, não garantem mais patriotismo do que enxadas ou mangas de alpaca.
É sempre bom recordar que títulos e sangue, ao contrário do que possa parecer, não garantem mais patriotismo do que enxadas ou mangas de alpaca.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
NÃO CONCORDO COM O CARLOS:
Isto é um bom resumo, mas excessivo. Passos Coelho não é assim tão mau como esses retratos, pacientemente traçados, pintam.
"Abrótea" ? Não me lembrava dessa.
"Abrótea" ? Não me lembrava dessa.
FUGAS:
Havia um suplemento com esse nome, cheio de spa's, bifes de vaca Kobe, viagens à conchichina e isso, mas as verdadeiras fugas são assim Colecciono histórias destas, porque estou sempre do lado do fugitivo. E não, nenhum encanto foucaultiano tardio. Acontece que, seja qual for o crime que um tipo tenha cometido, a obrigação imperial de um preso é... fugir.
Este homem, escondido num armário na impressiva localidade de Coca Maravilhas, encandeia as políticas de reinserção, a situação portuguesa actual e toda a semiótica que possa caber num armário.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
TRABALHOS E DIAS:
Decidido a publicar uma pequena edição de poesia, sem aves nem sussuros, tento contactar editoras. A competência é tanta que não obtenho resposta*.
Depois de quatro livros publicados, todos com crítica favoráveis - Expresso, Público e Ler ( essa não conta, foi do Francisco J. Viegas) - não deixa de ser um trabalho divertido: rejuvenesço.
* A Leya respondeu-me: "O seu projecto não se enquadra no nosso plano editorial". Gostei do "projecto", até porque não o enviei. Bem, como a Leya é metade da edição e a Bertrand é outra, restam 0,5% , fora as dos poetas-editores que aqui fui zurzindo. Edição de autor, aqui vou eu.
* A Leya respondeu-me: "O seu projecto não se enquadra no nosso plano editorial". Gostei do "projecto", até porque não o enviei. Bem, como a Leya é metade da edição e a Bertrand é outra, restam 0,5% , fora as dos poetas-editores que aqui fui zurzindo. Edição de autor, aqui vou eu.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
OS CONTEXTINHOS:
Não se deve descontextualizar nem deturpar. Sócrates queixou-se do mesmo, mas não adiantou nem teve, certamente por lapso, defesa do contextualizador.
Adenda: isto também é muito bom, o "Fogo amigo ao povo português"; uma mistura de Jose Lello com a Juventude Leonina.
Não se deve descontextualizar nem deturpar. Sócrates queixou-se do mesmo, mas não adiantou nem teve, certamente por lapso, defesa do contextualizador.
Adenda: isto também é muito bom, o "Fogo amigo ao povo português"; uma mistura de Jose Lello com a Juventude Leonina.
STAATSPERSONLICHKEIT:
Mal traduzido*, "guerra de aniquilação contra a ideia de Estado enquanto pessoa jurídica". Expressão utilizada em 1902, por Otto van Gierke , que Reinhard Holm, constitucionalista e membro da Jungdeutscher Orden (Ordem Dos Jovens Alemães), recuperou em 1933.
Holm teorizou bastante sobre a oposição entre a democracia burguesa-constitucional e a verdadeira democracia Alemã. A ideia era enterrar o liberalismo e o individualismo e fazer ascender a ideia de comunidade e de comunidade-nacional: "A pedra angular da lei constitucional já não é o Estado enquanto pessoa de direito , mas mas a comunidade nacional".
É repetitivo. No comunismo, no islamismo integrista, no nazismo: a comunidade acima de tudo. O que pode ser novo é uma leitura diferente : até que ponto , na velha democracia constitucional-burguesa, não vamos assistindo ao afloramento de alguns ideais comunitários , expressos por uma minoria, em detrimento da liberdade individual de escolha?
* Michael Stolleis, The Law under the Swastika - Studies on Legal History in Nazi Germany, UCP 1998 .
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
10K:
Subsidiada para estar especada diante de um lago*. Nada parva. Vejam o perfil da senhora: anti-sistema até ao momento em que o sistema começa a pingar.
No fundo, tem razão: este sistema é uma mediocridade com pescoço.
* via CM.
* via CM.
DA CLÍNICA (I):
1) O homem não a deixava mostar as mamas. Ela, com sessenta e poucos anos, apanhou cancro numa das ditas. No hospital ainda denunciou o marido por maus tratos, mas a família deixou cair a queixa: não tinha para onde ir.
A mulher morreu em menos de quatro meses , o animal recebe as condolências.
2) Doze anos maníaco-depressiva, uma vida a arrastar-se em turismo psiquiátrico. Não escolheu, não queria, não podia. Só a vi uma vez, já em desespero e nada confiante. A última coisa que me disse foi: O que sou eu? Perco-me quando tento ir levar os meus filhos à escola".
Matou-se. Pior, só ter de ler aquela frase pré-encefálica: " todo o suicida é um cobarde".
ADORAÇÕES:
Pode ser uma questão de geografia e gosto pessoal, dizia Nietzsche numa carta a Peter Gast. O cabeça de dinamite põe a hipótese de no Norte se preferir Lutero, enquanto pessoa, a Inácio de Loyola.
Ácido com Lutero: ele exprime a sua cólera contra a vida contemplativa depois de lhe ter sido interdita a vida monástica e se sentir incapaz de santidade.
Podemos aplicar este código a outros gostos pessoais? Lembrei-me de Ratzinger e Wojtyla.
Podemos aplicar este código a outros gostos pessoais? Lembrei-me de Ratzinger e Wojtyla.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
DUAS NOVIDADES:
1) Antecipando-me aos paizinhos dos povos, hoje não fumei enquanto guiava. Não quis incomodar os piscas, a trela da cadela, o jornal desportivo e a manete das velocidades, sujeitando-as à pestenença do fumo passivo.
2) Vai aumentar a prisão preventiva. Parece que era pouca. A boa notícia é que terão de ser construídas mais 60 cadeias ( para aí).
"NOSTALGIA INCURÁVEL":
"Classificado:
Troco urgentemente, mesmo com sobretaxas, a minha casa num quinto andar, T1, com alcova, cozinha equipada, vista para as colinas de Sas, situada na Praça de Joliot Curie, por uma casa no quinto andar, T1, com alcova, cozinha equipada, vista para as colinas de Sas, situada na Praça de Joliot Curie".
István Orkeny ( trad. de Piroska Felkai)
domingo, 5 de fevereiro de 2012
REBELLION, REVOLT, DISSENT, AND RESISTANCE:
Dito por um canalha libertário, dos que preferem Teerão ( ou Damasco) a Nova Iorque, parece bem; dito por um swine fascista, é o horror:
Q: What is the difference between rebellion, revolt, dissent, and resistance?
DV: Revolt is a spontaneous movement provoked by an injustice, an ignominy, or a scandal. Child of indignation, revolt is rarely sustained. Dissent, like heresy, is a breaking with a community, whether it be a political, social, religious, or intellectual community. Its motives are often circumstantial and don’t necessarily imply struggle. As to resistance, other than the mythic sense it acquired during the war, it signifies one’s opposition, even passive opposition, to a particular force or system, nothing more. To be a rebel is something else.
Q: What, then, is the essence of a rebel?
DV: A rebel revolts against whatever appears to him illegitimate, fraudulent, or sacrilegious. The rebel is his own law. This is what distinguishes him. His second distinguishing trait is his willingness to engage in struggle, even when there is no hope of success. If he fights a power, it is because he rejects its legitimacy, because he appeals to another legitimacy, to that of soul or spirit.
Dito por um canalha libertário, dos que preferem Teerão ( ou Damasco) a Nova Iorque, parece bem; dito por um swine fascista, é o horror:
Q: What is the difference between rebellion, revolt, dissent, and resistance?
DV: Revolt is a spontaneous movement provoked by an injustice, an ignominy, or a scandal. Child of indignation, revolt is rarely sustained. Dissent, like heresy, is a breaking with a community, whether it be a political, social, religious, or intellectual community. Its motives are often circumstantial and don’t necessarily imply struggle. As to resistance, other than the mythic sense it acquired during the war, it signifies one’s opposition, even passive opposition, to a particular force or system, nothing more. To be a rebel is something else.
Q: What, then, is the essence of a rebel?
DV: A rebel revolts against whatever appears to him illegitimate, fraudulent, or sacrilegious. The rebel is his own law. This is what distinguishes him. His second distinguishing trait is his willingness to engage in struggle, even when there is no hope of success. If he fights a power, it is because he rejects its legitimacy, because he appeals to another legitimacy, to that of soul or spirit.
A SOCIEDADE PERFEITA:
Depois de ter lido isto, foi só esperar. E hoje, no Público, baseado na análise de dois casos, lá vinha escarrapachado: os velhos morrem sozinhos porque querem.
Compreende-se. Estamos a construir uma sociedade tão boa, não é? Uma sociedade em que o amor é tudo, em que os vínculos, como o sangue, são um escolho de antanho, uma sociedade cheia de respeito pelas diferenças e onde o dever foi incinerado e o desejo beatificado. Seria impossível que nessa sociedade perfeita os velhos morressem abandonados como cães.
Vai daí, a encomenda foi aceite. Acreditam que as jornalistas de causas vão usar a mesma régua com as mulheres espancadas? Só eu conheço, não duas, mas uma dúzia delas que gostam dos maridos apesar da pancada, recusam-se a sair de casa e detestam intromissões de terceiros. Acreditam que o Público, para semana, vai dizer que estas mulheres são batidas porque querem ? Eu também não.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Israeli advertisement of Samsung galaxy Tablet against Iran
O Irão vai banir a Samsung por causa disto. Acompanhei a coisa nas minhas fontes habituais e é estúpido pensar que o problema seja o véu que os homens da Mossad usam. O problema, evidentemente, é o ataque às instalações nucleares.
Por muito medo e bem fundado ( o presidente do Irão já disse alto e bom som que quer varrer Israel do mapa) que exista, e até por causa dele, um acto de guerra não deve ser alvo de uma campanha publicitária.
"SAVOIR FINIR, C'EST LE PRINCIPAL":
"Fréquentiez vous les omnibus dans votre jeunesse? Moi beaucoup". Paul Morand, com 79 anos, perguntava isto, numa carta, em 1967, a Jacques Chardonne, de 84.
Dois escritores proscritos, ambos colaboracionistas. Morand, antisemita fanático, Chardonne, filonazi assumido. E finir, acabar, é, diz Chardonne,
...une suite de drames bien cachés qui, l'âge venue , vous remontent au coeur.
Claro que podem sempre optar por um manual higiénico da Direcção-Geral de Saúde ou por uma alcagoita de psicologia aldrabona.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
ACTUAL:
-Your program was based on exposing the lies of the western media. When you noticed the false success propaganda at home, didn't you feel a responsability to do the same?
- No. I focused on my program quite deliberately and excusively on anti-imperialism, not on GDR propaganda.
-Why didn't you commment then on these lies?
-I woud'nt even consider it (...)
-Why not?
-The critique of imperalism is quite enough.
-I criticise my own country
-You've a lot more reason to.
Entrevista a von Schnitzler, por Anna Funder, no Stasiland. O livro ganhou o Samuel Johnson Prize 2004 ( não-ficção) , mas nem na terra de Funder foi bem recebido pela crítica. Claro, há que ajudar a canalha a levantar a cabeça.
É sobre o paraíso da Stasi, a GDR, e podem comprá-lo, como eu , na Amazon.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
A IDADE E O CONSERVADORISMO:
O Público, na revista, resolveu entrevistar Fátima Bonifácio. Resumindo uma longa arenga, ficou apenas esta ideia: a idade torna-nos conservadores ( "agora sou muito de direita " ) . Não, não torna.
O que FB e muitos outros na mesma situação ( velhos) entendem por conservadorismo vem mascarado de experiência: já vi muito, o mundo não muda por decreto, etc. Não há conservadorismo nenhum em alguém ( não foi exactamente o caso de FB, mas andou perto) que, enquanto teve força, defendeu os khmers vermelhos e as ratoneras cubanas e que, depois, já velhote, declara que afinal isto dá muito trabalho , portanto, chinelos , lareira e Oakeshott e Himmelfarb para o regaço. Gente assim está para o conservadorismo como a tal cineasta generala-vermelha do outro dia está para a liberdade e para a rebeldia.
Envelhecer e desiludir-se é apenas envelhecer e desiludir-se. Desconfiar de projectos traçados, em quartos esconsos, por iluminados de barbicha ou bigode e impostos à metralhadora em nome do povo, isso sim, já é um início do conservadorismo. E não é preciso chegar a velho para o compreender.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
CONTINUANDO A PREPARAR UMA RECEPÇÃO APOTEÓTICA À MINHA PRIMEIRA PUBLICAÇÃO DE POESIA:
Citam-se, conhecem-se, multiplicam-se.
A "Telhados de Vidro", duas ou três editoras, dois ou três críticos, dois ou três bloggers/Profs, : edita-me, elogio-te, edito-te, elogia-me. É neste charqueiral que medra a poesia preguiçosa e medíocre das aves, dos sussurros, das árvores dos pássaros, dos rios.
Como confundem poesia com borbulhas, e se citam e se editam e se elogiam uns aos outros, grande parte da nova poesia portuguesa não vale um broche de pino do Luis Pacheco.
Como confundem poesia com borbulhas, e se citam e se editam e se elogiam uns aos outros, grande parte da nova poesia portuguesa não vale um broche de pino do Luis Pacheco.
DEPRESSÃO & ESCADARIAS:
Larkin usa uma definição simples: "The prospect of life streches before me like an infinitely tiring staircaise". Bem, ele intercala: "...the prospect of life ( or what's left of it)", temperando com acerto. Neste mês suicidaram-se três professoras em Coimbra ( a coisa aperta...) e suponho que por isso me lembrei da definição de Larkin.
Dá-me jeito, para a minha profissão, não pensar assim. Todo o meu aparato depressivo, condicionado pela biografia, calculo, é dirigido para a incerteza. Aceito melhor ter de rolar a pedra colina acima vezes sem conta do que ficar sem pedra para rolar.
Dois ramos da mesma árvore: os que não suportam viver e os que não suportam perder.
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