De cada vez que ouço e vejo MP, a minha análise é deturpada. Simpatizo, por natureza, com emmerdeurs ( sou um) e nada no percurso dele se assemelha ao comum português. Não é cordato, não contemporiza, não chama hoje gastrópode a um para amanhã lhe estar a lavar os pés ( não será nunca , portanto, deputado ou assessor). Dito de forma breve: é conflituoso no sentido stasico, não nas palavrinhas que caem perante a lisonja ou o dinheiro.
Acontece que, depois desta deturpação, sobrevém o raciocínio. MP fala para os cidadãos sempre que tem um microfone à frente. Nesse sentido, devia medir o que diz. E não, não se trata de amaciar: antes pelo contrário.
Esta semana, declarou que existem cambões entre as grandes sociedades de advogados e o Estado. O homem que me vende as morcelas diz o mesmo. Este tipo de declarações são habituais em MP, que, quando apertado, justifica-se dizendo que não é polícia. O homem que me vende as morcelas diz o mesmo.
MP parece estar num beco. Tem uma agenda política, e muito bem ( não escrevi partidária) , que se esvai lentamente com o passar do tempo. De cada vez que sobe o tom das denúncias, estas perdem força pela sua natureza informe, abstracta e comicieira.
Marinho corre o risco de acabar como o inflamado Lugones, que passou do socialismo ao fascismo sempre aos berros, a quem Borges fez o epitáfio: começava por repelir qualquer opinião, depois inventava razões e as razões geralmente não eram razões mas epigramas.
4 comentários:
geralmente
obrigado, estva ainda em correcção.
excelente post. na prosa e na carne.
cumprimentos,
jtf
Viva, John.
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