Quando MFL venceu Passos Coelho nas directas, a facção compreendeu rápido. Uma senhora de rosto marcado e casacos antiquados, sem queda para a oratória e carrancuda, seria presa fácil de Sócrates, o mediático, que , ainda por cima, negava a tormenta próxima. À cautela, a facção tratou de fazer o trabalho. Pelo país, Passos anunciava TGV's de mão de obra nacional, Nogueira Leite desancava nas propostas económicas da equipa de MFL, o DN funcionava como um eficente jornal de campanha ( com os tais jornalistas isentos que hoje são assessores ou passistas final e ferozmente assumidos). Os mais imaginativos até viram no Belemgate a machadada final no PSD de Manuela.
Quando a crise apertou e sete anos de PS socrático estiolavam, a facção amolou a faca. Na altura certa, deu o golpe com a colaboração da esquerda parlamentar. Um rio de promessas, todos os cortes eram fáceis, as políticas a seguir eram óbvias, a mudança uma coisa genética e auto-evidente. O desmentido passa ser um modo de vida, mas a facção pode bem com isso.
Quando estão quase a passar cem dias, a facção faz, agora sim, uma grimace. Refila porque ele há muitos barões que falam demais. Estas coisas é que interessam à facção , nascida para a mecânica das distritais e alçada nas agências de comunicação . É natural, porque uma facção ( não confundir com o governo todo, porque há lá gente de bem) não deixa de ser um guinhol de interesseiros só porque uma crise económica a enfiou no poder. Não entendem, revoltam-se, encomendam artigos, blogues, posts.
Quando a poeira assentar, uma coisa é certa: uma facção no poder só tem uma fracção do poder.
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