domingo, 11 de setembro de 2011

PREOCUPANTE:

É a primeira vez que o PSD está no governo sem o respaldo de um conjunto de intelectuais mais ou menos próximos do poder ( ou do partido), mas sempre produtores da mediação entre  a prática política e os cidadãos.  O eleitorado urbano, universitário e  interessado  na coisa política não encontra  linhas que lhe permita ultrapassar a excitação mediática e a manipulação agenciada. Aliás,  o ódio deste PSD  às elites ( coisa que  já vem de longe, se bem se lembram...)  mostra bem o sentimento de desamparada inferioridade.
A ausência de apoio intelectual   à política PSD do governo é factor de perturbação,  porque,  à direita, no CDS,   tudo de novo. Acabou o bater de mão no peito contra o mafarrico fiscal - taxam como os outros - e o aperto financeiro não permite o isabelino milagre  das rosas. No PSD é o deserto. Se varrermos a imprensa e os blogues, vemos truculência, trocadilhos, piadolas de café, erros ortográficos e redacções escolares  que brandem uma vaga superioridade moral dirigida contra adversários de playstation.
Existem algumas justificações:
a) a actual política do governo, até agora, é a que foi desmentida durante a campanha,
b) o espírito de facção, até porque alberga penas outrora violentíssimas com Passos Coelho,  zangas de comadres ( Marques Lopes)  e consegue exibir desbragados peões de brega como jornalistas  celestialmente isentos,  transformou o discurso  dos truculentos numa espécie de ALD  de insultos. Sabe-se lá onde estarão o que dirão amanhã,
c) os principais candidatos à  função - Marques Mendes, Graça Moura, Pacheco Pereira, MRS -  não pertencem ao eixo Relvas-Gaia que domina a facção. Sobra Ângelo Correia, sempre excelente, mas isolado.

Miguel Sousa Tavares diz,  no Expresso deste sábado,  que confirmou a suspeita: este PSD não estava preparado para governar, apenas para tomar o poder. Parece-me injusta a tese, porque este PSD, pese os tais desmentidos de campanha ( ver o link) , sabia exactamente ao que vinha. Algumas boas escolhas ministeriais confirmam este raciocínio. O governo está a fazer o óbvio: o pau no primeiro ano,  a cenoura depois.
O que aconteceu é da natureza das coisas. O aguerrido espírito de facção, sobretudo se  muito  pouco lido,  não consegue pensar  para além das bordas do território da facção.

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