terça-feira, 23 de agosto de 2011

O TOTALITARISMO IGUALITÁRIO (II):

A velha distinção de Sidgwick pretende  a existência de duas formas diferentes do valor moral,  consoante  se considere a noção de justo ou a  de bom. Esta distinção costuma ser  aproveitada para outra: aos antigos o bom, aos modernos o justo. A moral    um código de leis ( expressão de Larmore) , como um leitor normal dos estóicos romanos reconhece? Já estivemos  mais longe.
A visibilidade não se mede em metros, mede-se em centímetros : todas as aspirações  igualitárias são justas, porque a igualdade é boa,  e só o contesta quem é ignorante ou preconceituoso. Querem um exemplo? Nas principais revistas  académicas não encontrei ainda  um único artigo que refute a st
ese da inocuidade da parentalidade gay.  É raro que uma questão controversa não o seja também no meio científico.  Acontece que neste caso é perfeitamente normal. Os estudos sobre parentalidade gay são  de betão. As crianças  desenvolvem-se, comem bem, fazem desporto e socializam  normalmente. (deixemos de lado o infecto proselitismo que assegura que essas crianças são melhores do que  "as outras") São iguais? Claro que são, nos parâmetros avaliados.  Como seriam crianças educadas por duas mães e um pai. Ou estão a ver essas crianças com uma  enorme dificuldade em dizer que têm duas mães  e um pai ( em vez de duas mães tout court ), em escrever e contar, em jogar futebol, brincar no facebook  e ir ao cinema?
 Quando se experimenta em nome da igualdade, do justo, já temos uma reserva mental: tem de funcionar bem. Claro que a agenda continua com páginas arrancadas.  Quando perguntamos ao críticos do laços biológicos por que motivo não se legaliza a poligamia, respondem desdenhosos que estamos a disparatar. Não, não estamos. Em que livro científico está escrito que só um casal tem o direito a constituir família? O desconforto dos partisans da igualdade  bebe de  duas fontes de água límpida:

a) Sabem que a melhor forma de promover a parentalidade gay é a de a aproximar  formalmente da parentalidade habitual ( um casal).
b) Têm o flanco ameaçado pelas feministas que associam poligamia a sociedades machistas ( Liz Taylor casou-se com muitos, mas com um de cada vez).

Isto demonstra como muitas vezes o igualitarismo se refugia nos mesmos predicados que diz combater.



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