No início de 1864, um panfleto fez furor no debate sobre a 13ªEmenda. O documento tinha por título "Miscegenation" e veio depois a saber-se que era um embuste. Foi escrito por democratas como se fosse um documento do Partido Republicano e a intenção era assustar o povo: os republicanos queriam fomentar os casamentos interraciais. O senador Mc Dougall estava convencido de que a oitava geração de mulatos seria estéril *. O que é notável é que os republicanos, adversários da escravatura e, portanto, apoiantes da 13ªEmenda, defenderam-se dizendo que a manutenção da escravatura ( pretendida pelo Partido Democrata) é que favorecia a interracialidade, pois permitia aos donos dos escravos satisfazerem-se com as mulheres negras.
Um objectivo da agenda igualitária pode ser sentido como algo a evitar. Confuso? No caso da 13ªEmenda compreende-se, porque a interracialidade era tida como indesejável, mesmo para muitos abolicionistas. Por outro lado, era necessário esconder o jogo: pretender que um efeito óbvio da igualdade não se produziria. Um método político comum.
Do meu ponto de vista, quando ateus e cidadãos pela laicidade sacrificam o seu tempo no altar do protesto contra símbolos religiosos em hospitais portugueses, também estão a esconder o jogo. Eles não se sentem ofendidos por haver uma capela no hospital nem estão preocupados com o facto de um hindu registar a ocorrência. O que está em jogo é a tentativa sistemática, porta a porta, de anulação da influência cultural da ICAR, porque a consideram malvada e culpada da miséria humana. Ou seja, a igualdade é utilizada como um mero exorcismo.
* Vorenberg, 2001
* Vorenberg, 2001
Sem comentários:
Enviar um comentário