quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O TOTALITARISMO IGUALITÁRIO (III):

No início de 1864,  um panfleto fez furor no debate sobre  a 13ªEmenda. O documento tinha por título "Miscegenation" e veio depois  a saber-se que era um embuste. Foi escrito por democratas como se fosse um documento do Partido Republicano e a intenção era assustar o povo: os republicanos queriam fomentar os casamentos interraciais. O senador Mc Dougall  estava convencido de que a oitava geração de mulatos seria estéril *. O que é notável é que os republicanos, adversários da escravatura e, portanto, apoiantes da 13ªEmenda, defenderam-se dizendo que  a manutenção da escravatura ( pretendida pelo Partido Democrata) é que favorecia a interracialidade, pois permitia aos donos dos escravos satisfazerem-se com as  mulheres negras.
Um objectivo da agenda igualitária  pode ser sentido  como algo a evitar. Confuso? No caso da 13ªEmenda compreende-se, porque  a interracialidade era  tida como indesejável, mesmo para muitos abolicionistas. Por outro  lado, era necessário esconder o jogo: pretender que um efeito óbvio  da igualdade não se produziria. Um método político comum.
Do meu ponto de vista,  quando  ateus e cidadãos pela  laicidade sacrificam o seu tempo  no altar do protesto contra  símbolos religiosos em hospitais portugueses, também estão a esconder o jogo.  Eles não se sentem ofendidos por haver uma  capela no hospital nem  estão  preocupados com o facto de um hindu  registar a ocorrência.  O que está em jogo é a tentativa sistemática, porta a porta,  de  anulação da influência cultural da ICAR, porque a consideram malvada  e culpada da miséria humana.  Ou seja, a igualdade é utilizada como um mero  exorcismo.


* Vorenberg, 2001




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