Quanto mais trabalho, mais preguiçoso fico. Suponho que isto acontece porque o meu trabalho é ouvir pessoas. As histórias são todas diferentes , não se consegue extrair uma ordem, o que é uma grande desilusão. Julgava, ao fim de tantos anos, poder dizer que já vi tudo, mas não. E isso torna-me preguiçoso, faz-me compreender o tanto que ainda falta ouvir.
Esta quantidade, por estranho que pareça, não me traz grande proveito na vida civil. Não me deixam escutar, obrigam-me a participar. O delírio chega ao ponto de desejar assistir à minha vida, num canto, com uma cerveja na mão e um prato de azeitonas ao lado: nenhum compromisso, nenhuma recusa, nenhuma responsabilidade.
9 comentários:
Ouvir os outros não deveria implicar que carregue o peso dos problemas destes sob os seus ombros? A dissociação não deve ser difícl, insuportável é acreditar nisso?
"Nos grandes apertos, não há melhor companhia do que um bom coração".
Desejo-lhe um muito bom dia no seu cantinho. :)))
Eu? Não carrego nada sobre os meus ombros excepto as barras para a presse militar, squat, etc.
Obrigado pelos votos.
O Sísifo deve ter pensado isso muitas vezes mas não ter pedra para transportar, isso sim, deve ser insuportável (para ligar a um post anterior).
Gerir a ignorância: o maior sinal da Sabedoria.
Além de que, a cerveja que acompanha as azeitonas, se vir bem, é cicuta mesmo.
essa agora...porquê?
Porque me parece que é como ficar parado numa estação de serviço sem vontade de voltar ao caminho.
A estação de serviço é um bom sítio para descansar mas o nosso caminho é-lhe apenas tangente.
É mais apatheia estóica ( ou ataraxia pirrónica).
Concordo, o que não tem solução não é um problema.
"Não me deixam escutar, obrigam-me a participar".
Recentemente decidi que em fez de falar ou escrever a um amigo ia passar só a ouvir e a ler.
Escutar e não participar. A vida é mais fácil assim e a paz tb mas será mesmo vida e será mesmo paz? É melhor agradecer que nos obriguem a participar.
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