domingo, 15 de abril de 2012

ANOMIA, PORTUGAL  E "TRABALHO IMATERIAL":

Aí em baixo, um pedacinho disso, da autoria de Francis Alys. Interessei-me  por ele por causa da investigação que fez na fronteira mexicano-californiana. A expressão trabalho imaterial é de Lazzerato.
A fronteira,  a marcação, é sempre atractiva. Alys usa em alguns trabalhos um lápis verde que vai, provocador, fazendo passear pela ordem actual. Nas relações  dizemos tantas vezes estás a passar  os limites ou pisaste o risco.
Agora imaginem um Alys saltando de casa em casa com um lápis verde-mágico  na mão. Vai desenhando e apagando os tais limites, desfazendo riscos. O resultado deve ser uma forma qualquer da comunidade inconfessada ( estudada por  Blanchot) : existimos porque o outro não existe. E , sobretudo, se não conhecemos o risco - ou o limite -, a imobilidade é o resultado mais previsível.
Aplicando à  política, talvez estejamos diante de uma explicação para  a anomia portuguesa. Para além de termos a sensação de estarmos  a produzir trabalho imaterial: como refilar, protestar,  defender,  lutar,  se um lápis mágico redesenha  todos os limites e riscos a todo o momento?


Nota: uma descrição do trabalho de Alys aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

lazzarato