Aí em baixo, um pedacinho disso, da autoria de Francis Alys. Interessei-me por ele por causa da investigação que fez na fronteira mexicano-californiana. A expressão trabalho imaterial é de Lazzerato.
A fronteira, a marcação, é sempre atractiva. Alys usa em alguns trabalhos um lápis verde que vai, provocador, fazendo passear pela ordem actual. Nas relações dizemos tantas vezes estás a passar os limites ou pisaste o risco.
Agora imaginem um Alys saltando de casa em casa com um lápis verde-mágico na mão. Vai desenhando e apagando os tais limites, desfazendo riscos. O resultado deve ser uma forma qualquer da comunidade inconfessada ( estudada por Blanchot) : existimos porque o outro não existe. E , sobretudo, se não conhecemos o risco - ou o limite -, a imobilidade é o resultado mais previsível.
Aplicando à política, talvez estejamos diante de uma explicação para a anomia portuguesa. Para além de termos a sensação de estarmos a produzir trabalho imaterial: como refilar, protestar, defender, lutar, se um lápis mágico redesenha todos os limites e riscos a todo o momento?
Nota: uma descrição do trabalho de Alys aqui.
Nota: uma descrição do trabalho de Alys aqui.
1 comentário:
lazzarato
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