Os excessos podem ser perdoados, mas para isso tem de haver contradição. Conta Artemis Cooper que, em 1946, durante a Conferência de Paz de Paris, sob o trauma nuclear, os proxenetas abordavam os conferencistas oferecendo amour atomique.
Cesário, num poema publicado no Diário da Tarde ( Porto, 1873), vai até à linha de fundo, ( dispensava-se a dissecação) mas o centro ( o saber livresco como padrão) é que sai torto:
Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais
Que muitas bibliotecas.
Os olhos imorais são excelentes. Não há nada mais imoral. Hoje, qualquer artista rameira se despe nos jornais e é tudo um longo bocejo.
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